22 de mai. de 2007

Pasolini sobre a interrupção voluntária de gravidez (1975)


Pasolini era incondicionalmente a favor da interrupção voluntária de gravidez e em 1975 escreve uma texto em que diz:
"ser incondicionalmente favorável ao direito de aborto garante um brevet de racionalidade, de inteligência esclarecida e de modernidade, etc"
e ainda no mesmo texto: "o novo poder de consumista permissivo se serve, pura e simplesmente, das nossas conquistas laicas, de inteligências esclarecidas e racionais, para construir sua base de falso laicismo, falsa inteligência esclarecida, falsa racionalidade."
"nossos velhos argumentos de laicos, de homens esclarecidos e racionais são não somente inúteis, mas eles fazem o jogo do poder".

Esse texto de Pasolini me fez pensar em como a questão da interrupção voluntária de gravidez e o debate que se faz hoje no Brasil, absolutamente bem-vindo e necessário, está também ligado à toda uma nova prática com o corpo e a forma como o corpo se tornou moldável, no seu exterior e no seu interior. Como ele se tornou imagem e cada vez menos orgânico.
(Ver entrevista com Paula Sibilia feita por Ilana Feldman)

Ser a favor da interrupção voluntária de gravidez e guardar um pensamento e uma ação crítica em relação ao futuro inorgânico do corpo é o desafio.

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