9 de jul. de 2008

Jay Parini, "A arte de Ensinar"

O tempo foi passando e meu interesse em dar aulas foi se tornando minha principal atividade profissional.
Meu primeiro trabalho remunerado foi como professor de inglês. O curso que me contratou devia estar desesperado atrás de professores. Eu falava inglês mas não tinha nenhuma noção da língua, isso foi com 17 anos. De lá para cá falo menos e continuo ignorando os desvios, regras e invenções da língua.

Ser professor raramente foi um problema de método. Raramente tive a oportunidade de discutir o lugar do professor em sala de aula, o método, as formas de avaliação, a relação com os alunos, etc.

Às vezes trocamos algumas idéias com os mais próximos, mas nunca de maneira sistemática.
Normalmente, ser professor universitário é antes um problema de conteúdo do que de método ou estratégias de ensino.

Acabei ontem de ler um prazeroso livro sobre assunto.
Jay Parini, com 56 anos e três décadas em universidades americanas e inglesas como professor de literatura, faz, em "A arte de ensinar", uma reflexão sobre seu trabalho.

O livro caminha entre o autobiográfico e as dicas para jovens professores.

Para mim, o prazer da leitura se deu pela forma sincera e libertária com que Parini se coloca diante do leitor e dos alunos.

Trata-se de um professor normal que ficou preocupado com a carreira, com as publicações, com a burocracia e com sua própria produção artística, de prosa e poesia.

É um livro rápido, para ser lido em um par de dias, mas que me reconectou com tantos dos desafios com os jovens que a cada início de cada semestre encontramos na sala de aula.

6 comentários:

Vinícius Reis disse...

Boa dica, Cezar!

Migliorin disse...

Pois é,

O livro é um bate papo com professores, muito aberto.
Essa semana, depois de ter acabado o livro, senti saudades do diálogo que o livro coloca.
Na verdade fiquei pensando que muitos professores poderiam narrar suas experiências como o Parini fez.
Rogério Luz, por exemplo...
Isso pode ser um bom projeto editorial.
De textos sobre o lugar do professor universitário na sala de aula.
O Parini é pragmático. há um capítulo que se chama "detalhes práticos", em que ele fala de avaliação, presença, etc. Coisa "menores" mas que afetam todos os professores.
Acreditava que com o tempo isso se resolveria, mas há anos ensino em universidades e ainda não achei a boa medida, cada ano estou tentando algo novo.

abs

paoleb disse...

oi queridon
adorei este post
terminei outro um semestre e entre as bancas de graduação e os trabalhos de final de curso mais uma vez ficou claro pra mim que cada turma é uma, cada curso é um, e esta estória, pelo menos para mim, de "agora o curso tá formatado" não funciona assim... a cada início de semestre diante dos alunos, individualmente, e da turma, coletivamente, algumas questões se impõe e as aulas adquirem uma dinâmica própria, que força certas escolhas de filmes textos e métodos. estou adorando esta experiência como nunca imaginei que pudesse. semestre que vem acaba, pena! bj

@renatagames disse...

calou fundo, cezar: meu primeiro trabalho também foi dar aula de inglês com 17 anos, também me interesso cada vez mais por dar aulas e também converso ocasionalmente sobre o assunto, de forma nada sistemática (o que me faz crer que devemos ser muitos). vou ler o livrinho, sim.

gosto muito do seu blog. beijos, renata (sua 'colega' de cinética)

Na Boa Companhia disse...

O que será que nos levou a esse ofício?
Será a deficiência que percebemos em nossos próprios professores ou, pelo contrário, a chama acesa do amor ao aprender que nossos poucos ótimos professores nos passaram?
tô curiosíssimo pelo livro.
Abração

Eduardo Valente disse...

bicho

quando vc vir o ganhador da Palma de Ouro, o Entre les murs, vc vai sentir uma emoção forte. vai nesse caminho, e é poderoso.

abraço!