4 de out. de 2013

Democracia

Quando a direita está sob pressão o discurso é básico:
A razão deve prevalecer. As regras devem ser cumpridas.
Essa razão e essas regras dizem o seguinte: uma vez que um representante foi eleito ele recebeu carta branca para fazer o que quiser.
A ideia de democracia se torna assim a mais perversa, uma vez que as eleições se transformam em sinônimo de racionalidade e democracia. Essa lógica deixa de lado duas dimensões necessárias da democracia.
A primeira é que ela é processual. Ou seja, em um mundo ideal, os eleitos não seriam votos prontos, mas uma mediação constante do que acontece na sociedade.
A segunda é que as eleições não podem servir para excluir a participação popular. Não se trata de democracia direta, mas de uma tensão constante que a sociedade pode trazer aos representantes.
Se hoje as eleições são tão organizadas pelos poderes econômicos, torna-se ainda mais fundamental a participação constante da população.
Sim, as regras devem ser cumpridas e a regra fundamental da república deveria ser a democracia: o direito à política para aqueles que não possuem nem mandatos, nem poder econômico.
É isso que perturba os poderes estabelecidos: Como ousam os jovens, professores, moradores de rua, estudantes, desejarem a política e fazerem diferença no que já está estabelecido?
O que parece estar em jogo nas múltiplas manifestações que acompanhamos é o exercício desse direito; direito a tornar os poderes permeáveis aos desejos e modos de inventar a vida dos que não são os operadores do poder.

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