28 de mar. de 2016

Manifestações pela democracia

Diria que as manifestações de sexta significaram uma certa retomada da política. Sutil, tênue, mas bem mais interessante que a polarização Dilma/Impeachment.
Curiosamente, à direita e à esquerda, muitos só quiseram ver a manutenção da polarização, como se sexta fosse apenas mais uma dobra do petismo. 
No meu entender houve, na sexta, um importante corte na atual conjuntura. Estavam mobilizados indivíduos e atores políticos que há muito se distanciaram do PT, que não se confundem com apoiadores de Dilma, mas que se colocavam novamente juntos na indignação em relação aos recentes acontecimentos político-mediáticos, explicitamente não republicanos.
Nesse sentido, não se trata de terceira via ou de apoio crítico, mas simplesmente de dizer que a política importa e que há uma democracia que precisará se impor. A política importa porque só com ela os dissensos e os embates poderão ter lugar sem serem esmagados pelos discursos raivosas que pregam a ação sem reflexão.
O sutil retorno da política talvez seja o que temos de mais importante agora.
Um retorno que parece refutar a semente do autoritarismo que se apresentou nas últimas semanas de maneira tão intensa. Há uma atmosfera política que nos últimos dias parece ter ganho corpo: das manifestações à alguns colunistas de grandes jornais, de uma exibição de uma peça em BH às infindáveis manifestações públicas de associações científicas, coletivos e tantos atores políticos.
Sexta-feira abriu um espaço que permite uma outra circulação das indignações em relação ao governo Dilma, além da lógica da ilegalidade. É tênue, mas não há outro começo possível.


20 de março

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