25 de nov. de 2017

Uma pergunta emblemática atravessa o Anti-édipo: por que os homens lutam pela sua servidão como se lutassem pela salvação?
Acompanhando os recentes eventos no Brasil: as manifestações contra a Butler, as censuras às artes, as demandas de mais leis, mais restrições, mais disciplina, essa pergunta parece ser ainda muito atual.
O conservadorismo não é apenas uma estratégia política cínica - como no caso do prefeito do Rio de Janeiro - mas uma forma de organização do desejo que não suporta a liberdade, nem a sua nem a do outro. Lutar pela servidão é um ethos que se expressa em toda parte. Nas universidades, alunos e professores não param de criar novas regras, novas formas de avaliação e condecoração. Nas empresas, ser controlado é um status, afinal, os que escaparam da servidão são precarizados, humilhados por aplicativos de avaliação ou espectadores de debates sobre reformas previdenciarias. Logo eles, que perderam o direito à servidão.
O conservadorismo contemporâneo enfrenta um mundo onde formas de vida intensamente libertárias ocuparam muito espaços.
Salve-me dessa liberdade, gritam em todos os cantos.
Os cínicos são inimigos. Os que desejam a servidão estão por aí.

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