8 de mar. de 2014

A greve dos garis

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Tudo é racional no capitalismo, menos o capital” G & D

Na greve dos garis e na greve dos professores no ano passado, parece haver duas continuidades em relação aos rumos da cidade e o ambiente que se formou posterior às manifestações.
A primeira diz respeito à desregularização generalizada da cidade para que os grandes eventos aconteçam. Desregulariza-se para fazer valer as regras do mercado, as forças do dinheiro, as normas dos anunciantes. Com isso, pagamos 6 reais uma latinha de Coca-Cola em uma padaria de Copacabana, 3 mil o aluguel de um quitinete, as leis mudam, populações são removidas, etc, etc.
Pois, a cidade vale para todos. Garis inclusive.
Nesse momento o prefeito vem a público dizer: “a prefeitura não tem dinheiro para o aumento dos garis”. Talvez ele tenha razão, mas, diante da cidade que se organiza sem que o mercado tenha limites na exploração do comércio, do solo ou do tempo dos passageiros do transporte público, por que seriam os garis que deveriam aceitar um limite? Se a lei e as normas são mutáveis para o capital, por que para eles vale a racionalidade administrativa?
O prefeito argumento dizendo que não há dinheiro, ou seja, dentro da ordem estabelecida entre quem recebe e quem paga, os garis não podem receber mais. Em outras palavras: há uma ordem de exploração e essa ordem não será alterada, apenas administrada.
E ai entra o espírito pós-manifestações.
Se as manifestações fazem parte de uma profunda crise entre as produções subjetivas desejantes e as formas de produção e administração da comunidade, o que os garis estão a dizer é que o que está em jogo não é uma administração da exploração, mas que essa exploração tem limites.
Mais uma vez temos um preciso exemplo de porque à certos poderes interessa tanto falar em gestão no lugar de política.
Enquanto a gestão administra a exploração a política a torna insuportável.

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