16 de mar. de 2014

Greves do Garis 2



Em um outro post comentei a perturbação na partilha do sensível, como diria o Rancière, provocada pela greve nos garis.
Outro fato curioso foi a passagem do exótico ao político.
Em todo carnaval havia sempre um representante dos garis que tomava a cena. Um alegre e sedutor gari fechava algum desfile das escolas de samba e, no dia seguinte, ocupava a primeira página dos jornais.
O subtexto era óbvio: apesar de tudo, a alegria.
Pois esse ano o exotismo perdeu espaço. O exemplo de alegria, que não deixava de apaziguar a separação de classe durante o ano, nesse carnaval perdeu lugar para garis nada apaziguados ou exoticos, lutando por salários, explicitando que a cidade lhes pertence e que as capas dos jornais pouco suportam esse outro lugar, essa outra alegria.

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