3 de jun. de 2007

Estado do mundo / Quinzena dos realizadores - Cannes

O filme foi apresentado na Quinzena dos realizadores de Cannes e conta com curta-metragens dos realizadoes Chantal Akerman, Apichatpong Weerasethakul, Vicente Ferraz, Ayisha Abraham et Wang Bing.
Weerasethakul faz um filme estranho que parece um documentário sobre pessoas que fazem uma viagem de barco. O estranhamento do filme está na forma como há uma narrativa vai se construido com pequenos elementos, quase imperceptíveis. Há também no filme uma investigação com a imagem propriamente. Weerasethakul utiliza a instabilidade da luz na câmera digital que traz um efeito de vibração nas imagens bastante interessante. Pedro Costa faz um filme em que falta tempo para nos colocar no universo tão particular que já construi em outros filmes como Ossos e Juventude em Marcha. Mas, o paradigma dos curtas colocados juntos nesse O estado do mundo é o filme de Chantal Akerman. O filme é feito de duas sequëncia contemplativas da publicidade em Shangai. A primeira sequencia mostra um barco que leva um telão luminoso e o segundo, que deve durar mais de 10 minutos, filma em plano fixo alguns prédios em Shangai onde são exibidas gigantescas publicidades. Os prédios se tornam telas de mais de 30 metros de altura.
Chantal Akerman dá continuidade à contemplação distanciada, como no seu último longa metragem, Lá Bas. Aqui é a publicidade gigantesca que é contemplada como se estivessemos diante do sublime. Nada acontece, nenhuma intervenção. O filme é fundado em uma profunda descrença nas imagens e na possibilidade do cinema ser uma forma privilegiada de pensar o mundo, o estado do mundo. O curta de Akerman leva ao extremo uma postura que perpassa todos os outros filmes - com excessão do filme brasileiro de Vicente Ferraz. Em um mundo em que as imagens são a natureza, nos resta a contemplação, é o estado do mundo para Chantal Akerman.

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