Casa Jangada
Hoje, 18 de maio de 2020 celebramos o dia da Luta Antimanicomial de forma inédita.
Não estivemos juntos na rua com usuários que sobreviveram aos anos de aprisionamento, com trabalhadores que sustentam o cuidado em dispositivos abertos e integrados à cidade como CAPs e RTs, intencionalmente precarizados pelo poder público, com personagens que lutam a anos para que esse trabalho que realizamos hoje seja possível e todos que essa rede clínico-politico-afetiva contagia e agrega.
Fiquemos com a imagem do êxtase do cortejo do Loucura Suburbana, pouco antes de nos confinarmos, pra exaltar essa data.
Ir contra a idéia de isolar para tratar, sempre foi uma direção ético-política fundamental.
Construir um espaço comum de convivência como multiplicador das possibilidades de existir sempre dependeu, justamente, de um projeto anti-isolamento.
O trabalho que fazemos com relações de cuidado em saúde mental está diretamente relacionado com uma porta aberta da Casa. Uma forma de cuidado em que clínicos/artistas, com frequência, são mediadores atentos às passagens entre indivíduos e as coisas do mundo.
Na rua, nos espaços culturais da cidade, ao recebermos artistas para trocar sobre seus processos criativos, ou em todas as circunstâncias que inventamos dentro da Casa para evitar empalidecer os corpos de rotinas esvaziadas e enclausuradas, em todos esses momentos estamos ligando nossas formas de estarmos juntos à possibilidade de novos sentidos. Novas formas de percepção de si e do outro em um contínuo esgarçamento das formas de ser. E isso é clínico porque desloca e altera modos de sentir.
Na rua, nos espaços culturais da cidade, ao recebermos artistas para trocar sobre seus processos criativos, ou em todas as circunstâncias que inventamos dentro da Casa para evitar empalidecer os corpos de rotinas esvaziadas e enclausuradas, em todos esses momentos estamos ligando nossas formas de estarmos juntos à possibilidade de novos sentidos. Novas formas de percepção de si e do outro em um contínuo esgarçamento das formas de ser. E isso é clínico porque desloca e altera modos de sentir.
Nos últimos dois meses, sem podermos seguir com nosso cotidiano de casa cheia e de saídas em grupo, estamos vivendo o desafio da lógica de isolar para cuidar.
Isso tem sido complexo para nós trabalhadores e usuários de espaços de saúde mental que se pretendem antimanicomiais. Essa complexidade de entendimento sobre saúde mental/sanitária não deixa de nos explicitar ainda mais a importância desse dia de luta antimanicomial.
A importância de termos um mundo em comum.
O momento é muito exigente, mas a direção de mantermos as portas abertas para a vida que insiste sempre estará no nosso horizonte.
O momento é muito exigente, mas a direção de mantermos as portas abertas para a vida que insiste sempre estará no nosso horizonte.
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