29 de jul. de 2016

12 maio 16

Acordar com um silêncio mais intenso que o comum. Com olhares que duram menos entre as pessoas, com bons dias constrangidos. Uma atmosfera, que tanto destoa da cínica alegria dos apresentadores de televisão, é a primeira marca da gravidade do que acontece agora.
Até pouco tempo atrás parecia haver espaço para o pensamento, para a crítica, para as falas dissonantes. E agora? 
Durante meses o que vimos foi a irrelevância dos argumentos, a retirada da reflexão sobre o que nos acontecia. Um processo que hoje parece nos tomar de forma aguda. O que significa pensar, criticar e agir politicamente nas nossas pequenas esferas de ação, diante do abismo que se construiu entre o que é o nosso cotidiano e pensamento e o que é o Estado, a mídia, os poderes financeiros.
Talvez a sensação de golpe apareça antes de tudo pela irrelevância de nós mesmos.
O silêncio pesado do dia se dissolverá, mas essa sensação de irrelevância precisa deixar marcas, é dela que talvez consigamos tirar algo.
Escrevo no dia que tudo aponta para a irrelevância de qualquer escrita, de qualquer pensamento. Mas como fazer diferente? Sairemos de casa, para o partido, para a universidade, para rua, no dia em que tudo isso perde um pouco o sentido, mas como fazer diferente?
Bom dia

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