29 de jul. de 2016

desafios

17 maio 16

Desafios
1
Como pensar a institucionalidade da política sem o PT e as pessoas e políticos próximas ao partido? Por mais que tenhamos sido críticos ao governo Dilma, por mais que a agenda do PT tenha se distanciado da agenda da esquerda – basta ver o que dizem hoje Sanders ou Corbyn,– não parece possível refazer um projeto democrático hoje que não passe pelas pessoas ou políticos ligados ao PT. Pode ser uma dura realidade, mas a votação do impeachment deixou isso claro. Qualquer discurso de esquerda que apenas negue o PT é enfadonho e beira o ridículo.
2
Os críticos de Dilma que fazem questão de dizer que Temer é um governo de continuidade operam cinicamente, sem perceber que perdemos justamente toda margem de ação. No governo Dilma, estávamos perdendo muitas batalhas, mas não havia jogo jogado. O que dizer desse início de Temer? As primeiras ações foram para marcar a impossibilidade do diálogo, a irrelevância dos movimentos sociais.
Enumerar os equívocos de Dilma não é tarefa difícil, fico curioso para saber as aberturas desse novo governo.
O primeiro desafio é: reinventar uma batalha. Reinventar um capo de ação. Arrancar do autoritarismo- que extingue ministérios como o da cultura - a máscara do consenso. Não há harmonia, não há tranquilidade. Nosso desafio é refazer um campo de disputa onde o diálogo e o enfrentamento se façam possíveis.
3
O triste ainda é que Dilma cai sem grandes enfrentamentos. As pautas que poderia ser bombásticas nunca efetivamente chegaram a ser pautas: reforma política, reforma tributária, aborto, imposto sobre herança, taxação do mercado financeiro, legalização das drogas, substituição de matriz energética, etc, nada disso chegou a estar na agenda de Dilma. Uma queda tímida.
Se as pautas mobilizadoras estivessem na mesa, a revolta seria muito maior. Assim, o segundo desafio é o mesmo: reinventar uma batalha. Reinventar um capo de ação. Refazer um laço que marque o dissenso com os novos poderes do executivo. Alguns retrocessos se tornaram insuportáveis e é daí que sairão as novas batalhas.

Nenhum comentário: