29 de jul. de 2016

31 maio 16

Talvez das coisas mais chocantes nessas recentes semanas de governo interino seja o isolamento do grupo que chegou à presidência.
Fernando Henrique, Lula e Dilma, com todas as suas enormes diferenças, eram governos com conexões com a vida fora de Brasília, com vivências e práticas que extrapolavam o mero jogo político. 
Nos últimos 20 anos nos acostumamos com governos que tinham alguma permeabilidade intelectual e sensível ao que acontecia fora dos palácios. O que não quer dizer que agiam da mesma forma com o que aparecia nas ruas, claro.
O que impressiona em Temer é que no momento que assume o cargo, ele parece não ter meios - mesmo quando deseja - para se deixar afetar pelo mundo mesmo.
Trata-se de uma cegueira trágica. Um isolamento chocante.
A cada dia, além do cinismo, o que aparece é um certo desespero com a própria incapacidade em perceber que na presidência há um mundo de práticas, reivindicações, formas de vida, disputas, etc que acontece fora das disputas palacianas e que a posição dele não pode apenas ignorar.
Ontem Temer chegou em casa e desabafou: “Não estou entendendo nada!”

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