Com as manifestações, o debate sobre a crise da representação parte de uma premissa que me parece equivocada.
Essa premissa diz o seguinte: escolhemos que mundo queremos e depois escolhemos os representantes do executivo e do legislativo para realizar a tarefa.
Tal premissa pressupõe que uma vez feita a escolha a execução daquele mundo está entregue ao representante.
Pois talvez seja esse o equívoco central.
O desafio da democracia é não isolar a representantes e representados.
Quando um deputado age, quem age? Quem fala? As manifestações tem, antes de tudo esse papel, habitar a prática, provocar idas e vindas entre a representação e as ruas.
Pode parecer utópico, mas nos últimos meses é isso que estamos vendo acontecer.
Diria que essas práticas tornam bastante problemáticas uma separação confortável entre representação – que seria a prática – e manifestação – que seria o desejo, a teoria, a reflexão.
O que as manifestações – com todas as formas de vida que ela traz e mobiliza - tem feito não é propor uma democracia direta, mas inventado formas inéditas de permear o poder com as ruas.
Tais gestos não podem acontecer sem graves tensões. Nenhum poder deseja ter sua porta aberta, sua escada ocupada.
O que me parece um desafio hoje é pensarmos em como esses processos podem ser constituintes – ou seja, serem parte da manutenção e incremento de instituições e, ao mesmo tempo, políticos, ou seja, perturbadores profundos dessas instituições e dos poderes que se esforçam, justamente, em eliminar a política.
Essa premissa diz o seguinte: escolhemos que mundo queremos e depois escolhemos os representantes do executivo e do legislativo para realizar a tarefa.
Tal premissa pressupõe que uma vez feita a escolha a execução daquele mundo está entregue ao representante.
Pois talvez seja esse o equívoco central.
O desafio da democracia é não isolar a representantes e representados.
Quando um deputado age, quem age? Quem fala? As manifestações tem, antes de tudo esse papel, habitar a prática, provocar idas e vindas entre a representação e as ruas.
Pode parecer utópico, mas nos últimos meses é isso que estamos vendo acontecer.
Diria que essas práticas tornam bastante problemáticas uma separação confortável entre representação – que seria a prática – e manifestação – que seria o desejo, a teoria, a reflexão.
O que as manifestações – com todas as formas de vida que ela traz e mobiliza - tem feito não é propor uma democracia direta, mas inventado formas inéditas de permear o poder com as ruas.
Tais gestos não podem acontecer sem graves tensões. Nenhum poder deseja ter sua porta aberta, sua escada ocupada.
O que me parece um desafio hoje é pensarmos em como esses processos podem ser constituintes – ou seja, serem parte da manutenção e incremento de instituições e, ao mesmo tempo, políticos, ou seja, perturbadores profundos dessas instituições e dos poderes que se esforçam, justamente, em eliminar a política.