28 de ago. de 2007

A nova (des) ordem do trabalho, com Giuseppe Cocco

Entrevista com Giuseppe Cocco por Ana Paula Conde na Trópico.
(trabalho imaterial, biopoder e democracia)

Tropa de Elite, de José Padilha

Na Matéria Gato Por Lebre, José Padilha erra o alvo. O problema dessa cópia pirata que circula no Rio é que ela é fruto de um roubo, não de pirataria.

O que está no camelô não é o trabalho de Padilha e de sua equipe, já que não se trata da cópia final. Esse é o problema maior.

Argumentar que precisa dos lucros do filme para sobreviver é apenas patético e deixa de lado o complexo que é a chamada pirataria e a facilidade com que os frutos do conhecimento circulam.

Padilha quer ganhar em cima do conhecimento: "nos crimes contra a propriedade intelectual está se roubando também o investimento que foi feito na educação de quem estudou para produzir bens desse tipo." Talvez essa seja a frase mais reacionária que eu li nos últimos tempos.

A pureza do diretor que nunca usou um software pirata ou baixou uma música na internet torna-se risível diante da força dos que não vão pagar 18 reais para ver o filme no cinema.

27 de ago. de 2007

Crime Delicado, de Beto Brant


Assiti com um certo atraso o filme Crime Delicado (2006) de Beto Brant, cineasta que aprendi admirar e me acostumei com seu tom.

Acho que esses são os artistas admiráveis, aqueles que nos atraem e repulsam ao mesmo tempo.
Com Brant aconteceu isso, seus filmes, e sobretudo atores, me mantinham muito a distância em casos como Ação entre Amigos.

Em Crime Delicado tenho só prazer. É como se Brant e Ricca (também roteirista deste filme) tivessem me ensinado um "certo tom" de cinema.

Três das provavelmente várias forças do filme.

1 - a unidade que Brant constrói com uma grande heterogeneidade
passamos do teatro ao cinema, da tela à pintura, da cor ao preto e branco, do documentário à ficção com a mesma imprevisibilidade e surpresa que faz o desejo de Marco Rica transitar entre as mulheres e situações que atravessam o filme.

2 - com tão pouco se constrói personagens tão complexos.
Tudo alí está no limbo de definições, um pântano de incertezas e movimentos difíceis. Talvez na fala de dois bêbados em um bar haja uma resposta. Brant para e ouve.
A primeira fala mais longa de Antonio (Marco Ricca) é com a atriz que o convida para jantar.
Aquilo é tão surpreendente, Ricca explicita um possível jogo de poder e de trocas que está acontecendo ali, mas não sabemos se ele o corrobora ou não.
Somos espectadores de dentro da situação.

3 - a cena que Inês deixa sua perna postiça junta à tela. Ao melhorar muito a obra do pintor - criando uma instalação - Inês assume seu corpo com a potência que a paixão do pintor e de Antônio colocou nele/a.
Brant faz com que no corpo de Lilian Taublib resida o erótico e a violência, a sedução e a aspereza da vida.

Crítica de Fabio Diaz Carneiro na Cinética

25 de ago. de 2007

Paraisópolis, cidades e Tuca Vieira na Tate Modern

Impressionantes fotos de cidades contemporâneas na Exposição Global Cities, na Tate Modern - Londres.

Na primeira página do site, a foto do brasileiro Tuca Vieira, publica pela Folha de São Paulo em 2005

Sarkozy, photoshop e as fronteiras entre o jornalismo, a política e a publicidade

Pouco tempo atrás a Dove fez um brilhante comercial que de maneira muito pontual explicita a maneira como o capitalismo consegue incorporar a crítica a ele e transformá-la em novas potências.



As fotos de Sarkozy, com e sem um "pneu", nos mostram como a política partidária está em um campo em que a auto-crítica é bastante mais difícil.

Há um imaginário que diz que a política ainda está no campo de representações fiéis, logo o Photoshop em Sarkozy nos choca.

Nesse caso, é a ausência de fronteiras entre a publicidade, o jornalismo e a política partidária que é lamentável.

Que os candidatos são tratados como produtos, obviamente não é novidade, mas que o jornalismo opte por "melhorar" o visual dos políticos, ainda mais grave.

A fronteira talvez seja tênue mas não me parece que estaremos tendo ganho cada vez que corroboramos o seu apagamento.

Filmar o corpo, imagem e dispositivo

Três ou quatro reflexões à partir de cineastas que filmaram a própria mão - Varda, Keuken, Godard, Depardon, etc

Para não deixar qualquer dúvida de que não se trata de uma imagem acheiropoiete (não realizada pela mão humana) A primeira coisa a fazer é filmar a própria mão.

Retirar das imagens qualquer caráter sagrado ou transcendente. Colocar a própria mão em primeiro plano, como um grito poético – “aqui estou”.

Modo explicito de se colocar entre as imagens e o mundo, retirando das imagens qualquer memória de algum dia foram objetos executados por elementos maquínicos desubjetivados.

Este gesto traz a imagem e a máquina para o interior de um dispositivo de experiência onde a experiência extrapola a imagem e a máquina. Ambas passam a ser parte desta trama heterogênea em que indivíduos fazem parte e em que uma pluralidade de forças entram em relação com esses indivíduos constituindo assim um processo de individuação - eles próprios.

Filmar o corpo para poder ter corpo a ser filmado.

« Je n’accepte pas de n’avoir pas fait mon corps moi-même » (Eu não aceito não ter sido eu mesmo que fiz meu corpo)
Antonin Artaud. (Citado na tese de Muriel Tinel)

Se tradicionalmente no cinema esteve em jogo a presença ou a ausência do aparato, a transparência ou a opacidade, o espetáculo ou sua interrupção, tais duplos se perdem em novo naufrágio das categorias que operam por exclusão e separação.

Máquina e imagem não são pólos da experiência mas parte do dispositivo de onde elas podem aparecer. A mão e a câmera não estão somente atrás ou na frente da cena mas participando do mesmo movimento, explicitando uma impossibilidade de objetividade e automatismo, de uma lado, e abstração de outro, nem automatismo nem humanismo.

23 de ago. de 2007

Voto combinado, STF, invasão

Na matéria Voto combinado na rede o fotógrafo Roberto Stuckert Filho do Jornal O Globo transforma sua câmera em um aparelho de escuta.

A matéria que revela o diálogo entre dois ministros do Supremo Tribunal Federal é fruto de uma impressionante permissividade em relação ao uso de câmeras para captar a vida alheia.

Os editores de O Globo e o reporter tornam natural - mais uma vez - o abuso de seus meios técnicos para se tornarem polícia do mundo, invasores.

Ao fotografar a troca de mails entre os ministros o fotógrafo faz da câmera um instrumento de "escuta". Ele não fez uma imagem mas gravou um diálogo, invadiu a correspondência.

Não sei quais as consequências do ato, mas certamente não se trata de uma imagem pública. A imagem pública é a do ministro lendo e escrevendo mails, não seu conteúdo. A vigilância mais ordinária, feita com o zoom da câmera se junta à vigilância digital contemporânea.

O Globo grampeou os ministros do supremo.

Diversas questões sobre Visibilidade e vigilância no Blog da Fernanda Bruno
Texto meu e de André Brasil sobre os casos Cicarelli e Saddam Hussein

19 de ago. de 2007

Ser e Ter, cinema direto e com crianças


Assisti ontem pela segunda vez o documentário Ser e Ter (Être et Avoir), de Nicolas Philibert.
O filme foi um enorme sucesso na França e ainda gerou grande debate - depois do sucesso - porque a produção foi processada pelo personagem do filme, o professor M. George
Loopes.

O processo pedia reconhecimento de propriedade intelectual para o professor uma vez que era o seu "texto" que estava no filme, seu método, sua disciplina, seu carinho com os alunos. Por isso, ele pedia no processo que ele fosse conhecido como
co-autor.

Delicioso dilema do documentário.
Os tribunais franceses negaram o pedido do professor por entender que ele não pode ser conhecido como autor porque 1) o que ele faz não é uma criação para o filme, mas algo que pré-existe, seus hábitos, palavras, etc 2) suas aulas não podem ser protegidas pelo direito de autor - como os cursos de
Roland Barthes no Collège de France em 1992 - porque não se trata de uma produção original.

Finalmente o professor dizia ter tido seu direito de imagem explorado, uma vez que não dera direitos expressos para cada meio de difusão - cinema, tv dvd. Os tribunais responderam dizendo que uma vez que ele se deixou filmar por nove meses e participou da divulgação do filme a autorização está tacitamente consentida.

Este caso me faz lembrar o filme Santo Forte, de Eduardo Coutinho em que os personagens eram pagos em cena. Ou o filme Mato Eles, de Bianchi em que os personagem pergunta para o diretor " Quanto o senhor tá ganhando para fazer esse filme?" Dois momentos brilhantes do documentário brasileiro.

Esses casos todos explicitam a impossibilidade de se avaliar e pagar
(corretamente) pessoas que estão na imagem porque desejam explicitar, mostrar e comunicar o seu mundo e idéias. Talvez se o professor tivesse dito que em algum momento fez o que não acreditava ser a sua crença, talvez ele tivesse ganho.

Mas iniciei esse post porque dessa vez assisti o filme com meu filho de nove anos e ele expressou um estranhamento em relação ao documentário e talvez particularmente ao cinema direto que me pareceram interessantes. Primeiro ele disse " Nossa, o diretor do filme entra dentro da casa das pessoas...", depois "Caramba, o diretor fica escutando essa conversa deles", se referindo à cena em que o professor, fora de quadro, discute a briga de dois de seus alunos mais velhos com os próprios, de aproximadamente 10 anos.

Não só o diretor mas todo mundo entra na casa não é ?

Acho que ele expressa nessas duas frases o incômodo com esse tipo de filme, algo que já naturalizamos, claro, como sendo o documentário direto. Mas aqui isso fica mais explicito por se tratar de crianças e de suas relações em família. No espaço comum da escola este problema não aparece.

O espaço privado de país e filhos parece demandar a câmera com os próprios pais e filhos, em que esses limites entre realizador, personagem está mais perturbado.

Eu mesmo realizei um filme nessas condições "Meu nome é Paulo Leminski", em que filmo meu filho.
Penso ainda em Carlos Magno, realizador mineiro que fez muito filmes com o filho. No momento da filmagem não há equipe, não há uma pessoas estranha à "cena", mesmo que ela depois vá ser mostrada em um cinema. Essa preservação do instante da filmagem como algo íntimo, sobretudo com crianças produz uma imagem absolutamente distinta do cinema direto.

A responsabilidade pela câmera atribuída ao pai traz uma mediação para a imagem que o cinema direto, Ser e Ter, por exemplo tende a apagar.


13 de ago. de 2007

Fernando Henrique Cardoso (FHC) e João Salles na Piauí

Depois de apresentar seu mais recente documentário, Santiago, João Salles avisou a platéia que se dedicava agora ao jornalismo, como editor da revista Piauí e que deixava por enquanto o cinema.

Na Piauí 11, que está nas bancas, João Salles reencontra o seu filme Entreatos. No lugar de um futuro presidente, como no filme, o jornalista e cineasta faz um Entreatos - com alguns breves atos - com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC).

O longo texto na revista se aproxima do filme pela generosidade com que João se aproxima de seu personagem - preciso abandonar essa palavra - e pela facilidade com que edita o texto - e o filme - tornando os presidentes simpáticos, engraçados e espirituosos.

Em alguns momentos do texto João Salles faz comentários sobre o que vê, o que me parece muito bem vindo. O tom cinema-direto do texto encontra comentários sobre a mala "espantosamente vermelha" do presidente, sobre o "duvidoso" fettuccine. Mas o mais importante momento em que o autor abandona o relato objetivo e no presente da ação é ao lembrar que Fernando Henrique Cardoso dá continuidade à lotação de cargos feita pelo PMDB no governo Sarney.

"O próprio Fernando Henrique, no entanto, ao chegar à presidência parece ter concluído que a política no Brasil era assim mesmo. Protegeu os três ministérios que considerava essenciais - Saúde, Educação, Fazenda - e entregou o resto aos de sempre, sob o argumento de que era isso ou a paralisia. Acomodou-se ao seu modo. Renan Calheiros foi seu ministro da Justiça"

O texto dá ainda especial atenção à necessidade de Fernando Henrique Cardoso de se distanciar da imagem de um neo-liberal, do homem que tudo privatizou. A edição do texto é habil em manter esse discurso como o pano de fundo das falas do ex-presidente.

Independente da opinião de João Salles, me parece interessante que o jornalista se permita a tomada de posição que o cineasta normalmente se absteve de fazer, mas não que devesse ter feito. João leva para esse texto jornalístico a experiência dos filmes anteriores ao mesmo tempo em que elementos novos aparecem.


TAM, ANAC e o comum

Aqueles que continua dizendo que o governo é culpado pelo acidente em Congonhaas partem de uma mistura de duas lógicas inconciliáveis.
Por um lado são pragmáticos quando dizem que a culpa é do governo porque ele não regula as empresas que em busca do lucro diminuem a segurança. Aceitam assim a natureza perversa do capitalismo em que essas empresas - TAM, Boeing, etc estão inseridas.
Por outro lado esperam do governo a pureza e a perfeição. Quando avaliam o governo não há pragmatismo algum.
A ANAC é administrada politicamente, dizem eles. Em primeiro lugar não existe administração não política, em segundo lugar o estado também pode ser julgado de maneira mais pragmatica. Definitivamente ele está longe de ser puro - por motivos diferentes das empresas - e aí sua natureza política.

Aceitar que as empresas sejam por natureza perversas e que cabe somente ao estado a responsabilidade sobre os limites da perversidade é desejar uma autoridade que hoje está difusa na sociedade.

Os detratores do estado são normalmente os primeiros a se esforçar pelo seu enfraquecimento. Por um lado se pede um estado mínimo, fraco, por outro a culpa do acidente da TAM é por conta da ausência do estado.

As mesmas Organizações Globo, por exemplo, acusam a fraqueza do governo nas agências reguladoras - para isso não há pragmatismo que interesse - enquanto na NET digital deixaram de fora os canais públicos como TV universitária, Câmara, Senado, Comunitária.

Empresas privadas eliminam as TVs que tendem a ser comum - para alêm do público e do privado - ao mesmo tempo em que pedem o estado quando não conseguem se impor como consumidores.
Mas o reino do consumidor e sua liberdade total não é o que elas desejam?

A democracia e a forma que o estado reflete a própria sociedade não passa de uma forma de corrupção. É desta maneira que aparece o ódio que a elite tem à democracia no Brasil.
O acidente da TAM é paradigmático.
Enquanto as empresas são perversas pela natureza do capitalismo em que estão inseridas, o estado é corrupto porque deseja.
O estado opta pela corrupção, dizem os detratores.
As empresas são obrigadas à perversidade.

12 de ago. de 2007

O Púcaro Búlgaro, na Laura Alvim/Rio

Depois de assistir a brilhante montagem de O púcaro búlgaro (1964), de Campos de Carvalho (1917/1998), dirigida por Aderbal Freire-Filho, passei o dia de hoje reconhecendo a lógica absurda da expedição surreal em diversos lugares e pessoas.

Os projetos que giram em torno de si mesmo, as falas que só movimentam a linguagem (o que certamente já é suficiente para movimentar o mundo) e os objetivos absurdos aparecem na peça com poesia, humor e infindáveis e brilhantes jogos de palavras.

O humor é estranho e delicioso, mistura, obviamente, o surrealismo com eventuais cenas de circo.

A atuação dos atores é impressionante. Com grande fluidez eles passam de um papel a outro, da primeira para a terceira pessoa em quase duas horas de peça sem intervalo. (Candido Damm, Ana Barroso, Isio Ghelman, Augusto Madeira e Gillray Coutinho.)

O texto é de uma liberdade e de uma invenção absolutamente contagiantes; erudito, absurdo e vulgar.

Enquanto a expedição tenta descobrir se a Bulgária existe, descobri hoje que somos todos búlgaros.

11 de ago. de 2007

Trabalho imaterial 2

Alguns comentários complementares sobre o trabalho imaterial . (ver post anterior)

No centro das transformações que implicam em novas composições espaciais e temporais do trabalho – a empresa não tem a fronteira da fábrica, as relações não tem o tempo da linha de montagem – esse indivíduo pós-moderno torna-se multirítmico, uma cohabitação de maneiras de fazer o trabalho que envolvem o tempo e o espaço do que se diz – universo privado.

Ou seja, a vida como um todo passa a ser parte do que o trabalhador tem a oferecer à empresa ao mesmo tempo em que a empresa não pode cercear as atividades “vitais” não imediatamente fucionalizáveis da vida do trabalhador. Vida e trabalho passam a fazer parte de um mesmo fluxo.

No exemplo dessa mega multinacional em que meu conhecido trabalha, que aumentou a valorização do modo como os superiores se relacionam e transferem conhecimento aos subordinados, esta relação e cooperação não é algo que acontece somente no espaço e no tempo de trabalho, elas devem extrapolar os limites da economia que conecta o trabalhador e a empresa para ganhar uma conexão entre as pessoas que é social e cultural.

O capital atua então por um lado valorizando e estimulando os excesso das relações e por outro tentando funcionalizar – na possibilidade de ter um funcionário imediatamente substituível – e objetivar – concedendo mais promoções e gratificações aos trabalhadores que tem uma atividade excessiva com a cooperação e com redes de conexão.

O trabalho imaterial se confunde com o biopoder exercido pela empresa uma vez que a regulamentação das capacidades dos trabalhadores está distante da disciplina e da objetivação nos números, dos limites espaciais e temporais do trabalho. O poder aqui é exercido por dentro da vida, nas trocas e relações, na subjetividade mesmo.

Esse movimento explicita a dimensão biopolítica do poder que encontra meios para abarcar todo o corpo social na tentativa de capturar as virtualidades do trabalhador. O que a multinacional faz nesse exemplo é se distanciar da função regulatória em que ela expressa o que deve ser feito e quanto deve ser vendido pelo funcionário, para valorizar o que ela nem sabe o que pode surgir na interação entre os funcionários entre eles. O investimento é na virtualidade da rede conectiva que se faz entre os funcionários e não nos objetivos previamente impostos pela empresa.

Palestra de Antonio Negri com tradução em português

10 de ago. de 2007

Chico Fernandes na Novembro + Tony Tasset

Chico Fernandes apresenta com uma foto lúdica e perfomática que retoma experiências de Charles Ray, mas com ironia.


A operação do artista me lembrou ainda Squib, 1996 de Tony Tasset que refaz a performance de Chris Burden, de 1971, que leva um tiro de uma arma calibre 22 no braço, enquanto Tasset produz digitalmente uma imagem absolutamente realista em que leva um tiro no peito.


As performances de Burden. Esse vídeo foi apresentado na exposição "Les mouvement des images", no Centro George Pompidou no ano passado.


Tanto Shoot, de Burden como Squid, de Tasset foram apresentadas na excelente exposição "Into me, out of me" no KW de Berlin, com curadoria de Klaus Biesenbach.



Agradeço a Tina Wessel, do KW pelas informações e images.

9 de ago. de 2007

Contemporâneos na Galeria Novembro

A Galeria Novembro, em Copacabana, apresenta trabalhos dos artistas da galeria: Lais Myrrha, Joana Traub Czeko, Regina de Paula, Ricardo Becker, Chico Fernandes e Matheus Rocha Pitta.

A exposição não tem um tema mas todos os trabalhos giram em torno de uma poética urbana.

Um dos trabalhos de Joana Czeco sobrepõe excessos e vazios da cidade; o mar e os prédios. Mas a artista inventa um pequeno mecanismo que faz com que essa sobreposição se torne uma mistura entre estes espaços

O vídeo de Laura Erber transita entre uma natureza morta e a textura do vídeo através de sutis variações de luz em que objetos aparecem e desaparecem do quadro lentamente. No meio dessas imagens uma janela quase nos leva para fora dali.

São trabalhos delicados e simples, silenciosos até. Talvez seja esse o efeito maior que esses olhares sobre a cidade trazem, um tempo em silêncio.

5 de ago. de 2007

Trabalho imaterial

Conversei essa semana com um conhecido que trabalha em uma gigante multinacional de alimentação e refrigerantes e ele me falou sobre recentes transformações no modo de avaliação de pessoal que me parecem exemplificar consequência reais e objetivas do chamado capitalismo cognitivo.

Até um ano atrás o trabalho desse conhecido era avaliado no final do ano levando em conta 80% o seu desepenho, ou seja, quanto ele conseguiu cumprir as metas da empresa e 20% dedicada a algo mais subjetivo mas fundamentalmente ligado à forma como ele administra as pessoas abaixo dele na hierarquia da empresa.
Por exemplo, ele me disse que não foi bem avaliado porque duas pessoas que ele indicou para serem promovidas não se sairam bem.

A avaliação no último ano mudou. 5o% para os resultados, 50% para a relação com o pessoal.

O que mais me surpreendeu foi que quando perguntei a ele qual o critério para que essa avaliação mais subjetiva seja boa ele disse: se qualquer dos meus subordinados puder fazer o mesmo papel que eu, ai eu sou bem avaliado.

A empresa aumentou a importância de critérios como: capacidade de transmitir conhecimento, de se relacionar, de cooperar e de comunicar. Ao mesmo tempo que o trabalhador deve ajudar a produzir os colegas que poderão lhe substituir.

No mesmo ambiente de trabalho deve existir a cooperação e a comunicação - pois é isso que a empresa voloriza cada vez mais - ao mesmo tempo em que meu conhecido diz se sentir em um Big Brother, tendo que ser constantemente o vencedor para não ser eliminido,

Entrevista com Maurício Lazzarato sobre o tema

Blogs de pesquisadores em comunicação

Ótima Lista de pesquisadores em comunicação que mantém Blogs. Feita por Rogério Christofoletti

2 de ago. de 2007

Andarilho de Cao Guimarães


Ensaio sobre Andarilho, o mais novo filme de Cao Guimarães, na Cinética.
Agradeço aos editores pela título.

Artistas

O papel do artista é inventar o lugar em que ele esteja de saída.

1 de ago. de 2007

Entreatos, de João Salles


Por algum motivo estranho só essa semana assisti ao documentário Entreatos, de João Salles. É um filme brilhante.

Antes de tudo um filme de negociação. Um filme que demanda um outro documentário em torno da negociação que permite que o filme aconteça.

A imagem paradigmática do poder de negociação deste filme é a última, em que Lula, já eleito, está entre 500 câmeras que o esperam no saguão do prédio e a de Walter Carvalho/João Salles.

A câmera para e entrega o presidente para o jornalismo.

Que fantástico o humor do presidente e a forma como o filme consegue estar atento a isso e aos silêncios dos raros momentos de solidão.

Que delicioso e duro trabalho deve ter tido João Salles e Felipe Lacerda na montagem deste filme. Que vontade de ver o material bruto nas raras sequência em que um junp-cut elipsa a fala de Lula.

Escrevi recentemente sobre Santiago, o mais recente filme de João Salles e talvez tenha deixado de mencionar a admiração que tenho pela busca de temas difíceis e a maneira serena e pouco ortodoxa que Salles os aborda.

Quando dou especial atenção à negociação é porque Entreatos parte de um grande poder que o filme tem - a possibilidade de estar ali com a liberdade que Lula lhe dá - e não se abstém em usar e explicita esse poder.