3 de jul. de 2013

O que virá contra a truculência policial?

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Quando falamos da violência policial das últimas semana, com frequência ouvimos que não houve novidade, que a polícia sempre foi violenta.
Ok, é verdade, entretanto, essa constatação pode nos distanciar das nuances do que acontece agora.

Há muitos anos não víamos a polícia atacar manifestações como aconteceu no Rio de janeiro, em Fortaleza ou Belo Horizonte.
Qualquer adolescente que frequentou as manifestações sentiu o efeito do gás lacrimogênio e viu pessoas feridas. O que estava restrito às ações no campo ou diretamente contra os pobres, se tornou uma ação central, um modo de operar para a cidade toda, essa diferença não é irrelevante.

Essa ação da polícia não foi apenas de defesa de bens e de território, mas um ataque que fez com que o medo esvaziasse as ruas. Deliberadamente a polícia fez de todo manifestante um alvo, um agressor. Nos tornamos o inimigo a ser combatido. Se em um primeiro momento a ação policial, em São Paulo sobretudo, inflou as manifestações, o que vimos no dia da final da Copa das Confederações foi um esvaziamento, causado, também pelo medo.

Nesse ataques da polícia duas coisas se explicitaram.
Primeiramente a truculência policial foi acompanhada de uma truculência da mídia. Ou a grande impressa camuflou o que acontecia, foi o caso de Fortaleza e São Luiz, ou partiu explicitamente para a narrativa desonesta e cínica de Vândalos X pessoas de bem.

Em segundo lugar, esses ataques policiais explicitaram para todos o papel do estado na relação com a Copa do Mundo, ou mais especificamente, o papel do estado na relação com o capital. A polícia esteve intensamente presente para afastar dos estádio qualquer manifestação que exprimisse qualquer desacordo com as opções do conglomerado FIFA/Capital/Estado.

A revolta se intensificou, obviamente. Todas as instância capazes de fazer alguma mediação entre os desejos e reivindicações populares e as rumos que a Copa tomava, estavam imobilizadas, esvaziadas e abertamente contra a população.

Me parece espantoso que o governo do estado que nas últimas eleições se reelegeu com a bandeira de uma policia eficaz que diminui a violência, fora a relação que a classe media vinha estabelecendo com a polícia por conta da lei-seca, normalmente incorruptível, tudo isso tenha sido jogado no lixo para inviabilizar as manifestações.

Encerramos a Copa das Confederações com uma boa parte da sociedade revoltada com os abusos do estado, do capital e da polícia.
Quando no entorno do Maracanã no domingo, havia milhares de policiais preparados para uma guerra, a insistência dos manifestantes em se aproximar do estádio, reivindicar aquele espaço, trazia um admirável heroísmo. Difícil não se comover com esses manifestantes que não aceitavam as regras da FIFA.

Se há o desejo de manifestação e elas são inviabilizadas pela truculência, a resposta pode ser desastrosa. Já vimos no último domingo a utilização de coquetéis molotovs, gritos incessantes de assassinos para a policia. Não me ficarei surpreso com ações mais radicais dos manifestantes, reagindo ao vandalismo policial.

Com os últimos eventos, mais do que propostas irrelevantes como transformar a corrupção em crime hediondo, o estado precisa dar uma resposta à violência deles mesmos contra a população.





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