Recentemente coloquei um link no Twitter para a mais nova campanha da Diesel.
Link
A primeira vista, trata-se apenas de mais um caso de cinismo, típico do modo como o capitalismo se legitima hoje.
Ou seja, be stupid - como nós - não critique, não pense, não reflita nem mesmo sobre o fato de eu estar te chamando a ser estúpido.
Como temos visto, a falência da crítica, como chamou o Safatle, está ligada à forma como o enunciado capitalista já contém as possíveis críticas que podem ser feitas ao capitalismo ou ao consumo.
Seria estúpido aceitar a publicidade, comprar pelo valor da marca, participar do espetáculo fetichista do consumo; o público da Diesel sabe disso, logo: be Stupid.
Be stupid é o slogan que liberta para participar desse mundo Diesel sem culpa. Be stupid é Just do it bombado!
Mas ainda há mais.
O slogan é referido a outros valores. Por exemplo.
DIESEL- BE STUPID
"Are you doing something particularly stupid right now… like starting a band, building a tree house or creating art installation"
Ser estúpido é viver uma vida despojada, inventiva, criativa, guiada pelo coração e pelas utopias, pela experiências destemidas.
(veja os anúncios)
Ou seja, a Diesel entende que no mundo do qual ela participa, seria estúpido fazer coisas despropositadas, ligadas à arte, ao prazer desfuncionalizado, as empreitadas sem sentido. No capitalismo tradicional essas coisas não teriam lugar, seria estúpidas. Mas no mundo Disel não.
O que há como valor a ser capturado pelo Be stupid é profundamente ambíguo: por um lado, não pense no mundo em que essa marca te introduz, por outro, ao não pensar, viva a vida em sua plenitude. Aceitar o capitalismo em sua forma plena é um gesto contíguo - na lógica cínica- a aceitar a própria vida. Eis a lógica acabada do Biopoder contemporâneo que faz do que há de mais humano e vital - a criação, a experiência, a invenção de si e do outro - o seu mais importante valor.
A lógica cínica é o que faz com que esse texto não tenha sentido, uma vez que ele não tem como deixar mais explicita a estratégia da Diesel do que a própria Diesel. Para eles, qualquer tentativa de reflexão, como esta, é ser smart, logo negar a vida.
25 de mar. de 2010
15 de mar. de 2010
sala de aula
As vezes, em sala de aula, é simplesmente perturbador que um aluno converse com outro ou que alguém saia de sala no meio de uma aula expositiva.
Tento não tomar como algo pessoal, mas fico pensando o que poderia fazer para que isso não aconteça.
Ao mesmo tempo, detesto aulas espetáculo. Aquelas em que o professor anda de um lado para o outro, alterna ritmos, faz o público rir, etc.
Lendo hoje uma aula do Deleuze sobre Bergson.Uma aula brilhante: link, percebo que o problema atinge a todos.
Ele precisa interromper duas vezes para reclamar de alunos que estão rindo e perturbando.
veja a sua fala: "vous m'emmerdez, vous savez, non cela ne peut pas durer, vous...ce n'est que cela me gêne, ou que cela me vexe mais cela m'empêche de parler vous comprenez, dés que j'ai les yeux sur vous je vous vois hilare alors que se soit un tic, ou que vous rigoliez dans le fond de vous même, moi cela m'est égal , mettez vous là bas, c'est très très embétant pour moi, un espèce de ricanement, c'est gênant, oui, oui, il me fait taire une idée"
um alento!
Tento não tomar como algo pessoal, mas fico pensando o que poderia fazer para que isso não aconteça.
Ao mesmo tempo, detesto aulas espetáculo. Aquelas em que o professor anda de um lado para o outro, alterna ritmos, faz o público rir, etc.
Lendo hoje uma aula do Deleuze sobre Bergson.Uma aula brilhante: link, percebo que o problema atinge a todos.
Ele precisa interromper duas vezes para reclamar de alunos que estão rindo e perturbando.
veja a sua fala: "vous m'emmerdez, vous savez, non cela ne peut pas durer, vous...ce n'est que cela me gêne, ou que cela me vexe mais cela m'empêche de parler vous comprenez, dés que j'ai les yeux sur vous je vous vois hilare alors que se soit un tic, ou que vous rigoliez dans le fond de vous même, moi cela m'est égal , mettez vous là bas, c'est très très embétant pour moi, un espèce de ricanement, c'est gênant, oui, oui, il me fait taire une idée"
um alento!
14 de mar. de 2010
Forcine e Audiovisual na Universidade
Nos últimos três dias participei do Forcine, o FÓRUM BRASILEIRO DE ENSINO DE CINEMA E AUDIOVISUAL, na UFF
Já postei no Twitter algumas decisões do Fórum que teve uma excelente fala do Giuseppe Cocco em uma mesa, apresentando sua reflexão sobre o trabalho no capitalismo contemporâneo.
Pensando nessas questões e no atual momento da tecnologia de cinema, aprovamos a proposta a ser encaminhada às agências de fomento de que o estado deve patrocinar pessoas e não apenas filmes.
Saídos da universidade, os jovens precisam 1 ou dois anos para poder se dedicar a trabalhos que não tenha imediata remuneração. Se não estamos atentos a esse momento da vida profissional, acabamos empurrando todos os jovens que não tem uma base financeira familiar para longe do cinema.
Percebemos que muitos para de filmar, escrever, fotografar, produzir, etc. Por conta de necessidade de ganhar 1000, 1500 reais mensais, deixam o cinema e o trabalho dedicado à criação.
Fora isso, os meios, câmeras, ilhas, etc estão dados; são acessíveis. Logo, são as vidas que precisam ser fomentadas.
Fora esse debate, que o representante da Ancine, Mario Diamante, disse ter achado uma ótima idéia. O Forúm é fundamental. Pensar em grupo quem, como e para que estamos formando milhares de jovens é fundamental.
Certamente que há divergências.
As vezes a Universidade é vista apenas como algo que deve entregar formados ao mercado. Sabe-se que a idéia de mercado é uma certa abstração nesse meio.
Paulistas e cariocas reclamam da falta de mercado. Mas, formamos pessoas em Manaus, Goiânia, Fortaleza, Aracajú, etc, etc. Que mercado podemos esperar para esses jovens, fora dos centros de produção audiovisual?
O que é formar para o mercado de Aracajú, por exemplo. A Universidade, a reflexão e a possibilidade de produção ali dentro, está muito na frente do "mercado" dessas cidades em termos estéticos. Ter o mercado como norte, nesses casos, é jogar a universidade para baixo.
Essa é, na verdade, uma dimensão altamente democrática da Universidade.
Alunos de qualquer Federal do Brasil tem praticamente a mesma condição técnica e intelectual, assim como o mesmo suporte para produzir audiovisual.
Algum tempo atrás fiz um post sobre a idéia que ontem foi aprovada como proposta do Forcine. Uma proposta pensada inicialmente em reunião de preparação do congresso.http://tiny.cc/MmcsB
Já postei no Twitter algumas decisões do Fórum que teve uma excelente fala do Giuseppe Cocco em uma mesa, apresentando sua reflexão sobre o trabalho no capitalismo contemporâneo.
Pensando nessas questões e no atual momento da tecnologia de cinema, aprovamos a proposta a ser encaminhada às agências de fomento de que o estado deve patrocinar pessoas e não apenas filmes.
Saídos da universidade, os jovens precisam 1 ou dois anos para poder se dedicar a trabalhos que não tenha imediata remuneração. Se não estamos atentos a esse momento da vida profissional, acabamos empurrando todos os jovens que não tem uma base financeira familiar para longe do cinema.
Percebemos que muitos para de filmar, escrever, fotografar, produzir, etc. Por conta de necessidade de ganhar 1000, 1500 reais mensais, deixam o cinema e o trabalho dedicado à criação.
Fora isso, os meios, câmeras, ilhas, etc estão dados; são acessíveis. Logo, são as vidas que precisam ser fomentadas.
Fora esse debate, que o representante da Ancine, Mario Diamante, disse ter achado uma ótima idéia. O Forúm é fundamental. Pensar em grupo quem, como e para que estamos formando milhares de jovens é fundamental.
Certamente que há divergências.
As vezes a Universidade é vista apenas como algo que deve entregar formados ao mercado. Sabe-se que a idéia de mercado é uma certa abstração nesse meio.
Paulistas e cariocas reclamam da falta de mercado. Mas, formamos pessoas em Manaus, Goiânia, Fortaleza, Aracajú, etc, etc. Que mercado podemos esperar para esses jovens, fora dos centros de produção audiovisual?
O que é formar para o mercado de Aracajú, por exemplo. A Universidade, a reflexão e a possibilidade de produção ali dentro, está muito na frente do "mercado" dessas cidades em termos estéticos. Ter o mercado como norte, nesses casos, é jogar a universidade para baixo.
Essa é, na verdade, uma dimensão altamente democrática da Universidade.
Alunos de qualquer Federal do Brasil tem praticamente a mesma condição técnica e intelectual, assim como o mesmo suporte para produzir audiovisual.
Algum tempo atrás fiz um post sobre a idéia que ontem foi aprovada como proposta do Forcine. Uma proposta pensada inicialmente em reunião de preparação do congresso.http://tiny.cc/MmcsB
6 de mar. de 2010
Renda Básica de Cidadania: 3 artigos
Selecionei 3 bons artigos sobre Renda Básica de Cidadania:
10 propostas sobre Renda Básica
Artigo de 2000 baseado em pensadores que refletem sobre o atual estágio do capitalismo: Negri, Lazzarato, Gorz, Hardt. Um dos pontos levantados é, justamente, a atualidade da Renda Mínima no estágio pós-fordista do capitalismo. Segundo a autora, trata-se de pensar o capitalismo separado do conflito capital trabalho.
Renda Básica: renda mínima garantida para o século XXI?
Este é um artigo muito abrangente sobre a Renda Básica, escrito por um dos criadores do BIEN - O Basic Income Eartn Network, Philippe Van Parijs. O BIEN tem um enorme congresso programado para este ano em São Paulo.
Parijs tem um ótimo livro sobre o tema escrito com Yannick Vanderborght.
Renda Básica para o Iraque
Nesse artigo Suplicy defende a Renda Básica como forma de estabelecer novas relações sociais em lugares que foram degradados por guerras. A proposta é interessante, sobretudo por explicitar que o que interessa, em muito desses casos, não é que a sociedade se reconstrua com independência.
10 propostas sobre Renda Básica
Artigo de 2000 baseado em pensadores que refletem sobre o atual estágio do capitalismo: Negri, Lazzarato, Gorz, Hardt. Um dos pontos levantados é, justamente, a atualidade da Renda Mínima no estágio pós-fordista do capitalismo. Segundo a autora, trata-se de pensar o capitalismo separado do conflito capital trabalho.
Renda Básica: renda mínima garantida para o século XXI?
Este é um artigo muito abrangente sobre a Renda Básica, escrito por um dos criadores do BIEN - O Basic Income Eartn Network, Philippe Van Parijs. O BIEN tem um enorme congresso programado para este ano em São Paulo.
Parijs tem um ótimo livro sobre o tema escrito com Yannick Vanderborght.
Renda Básica para o Iraque
Nesse artigo Suplicy defende a Renda Básica como forma de estabelecer novas relações sociais em lugares que foram degradados por guerras. A proposta é interessante, sobretudo por explicitar que o que interessa, em muito desses casos, não é que a sociedade se reconstrua com independência.
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