28 de jul. de 2008

Pausa e link

Faço uma pausa até o dia 15 de agosto.
meu abraço

um link: "O Escafandro e a Borboleta", na Cinética.

20 de jul. de 2008

Porque filmar uma pessoa?

Participei essa semana de um animado debate com dois espectadores, em Teresópolis, durante os Festival de Inverno.
Fui convidado para conversar sobre três curtas contemporâneos


Rua da Escadinha 162
Direção: Marcio Câmara

O Homem-Livro
Direção: Anna Azevedo

O chapéu do meu
Direção: Julia Zakia

Uma das questões que tentei pensar é das mais óbvias do documentário. Porque se filme a pessoa x ou y? Porque um filme escolhe o Caetano Veloso e não o Mia Couto, o porteiro da minha casa e não a caixa do supermercado?

Cada um desses três filmes se concentrava em um personagem específico.
No caso de “O chapéu do meu avó” a resposta é óbvia. Filmar a família sempre foi razão suficiente para se fazer um filme.
Não é preciso ter outra justificativa se filmar o avô além do fato de ele ser o avô .

Mas, o que acontece no caso dos outros dois personagens?
Eles são excêntricos, performáticos, eventualmente divertidos.
Seriam então essa características suficientes para a escolha?

Se concordamos que sim, o cinema deve então ser encarado como um gigantesco inventarista.
Enquanto houver gente haverá cinema.

Como no Curta do Furtado.... como é o nome mesmo?
Essa não é sua vida?
Toda e qualquer vida é tranformável em filme.

Justificar a escolha desses personagens pelo o que nelas difere de vidas mais ordinárias, como a minha, por exemplo, me parece muito pouco.
Ou melhor, não é o personagem que justifica o filme.

Ah! Mas isso é difícil demais de entender!

12 de jul. de 2008

Bartleby, o escrivão

Li essa semana um desses livros que a gente tem vontade de dizer que leu sem nunca ter lido.
Bartleby, o escrivão, do Herman Melville.
O bordão do Bartleby todos conhecem.
- Eu preferia não.
Mas o livro é muito mais que isso. Humor ácido, reflexividade delicada no meio do séc. XIX e um tom metafórico muito sutil.
No escritório do narrador, um advogado burocrata, mais três personagens excelentes compõe a cena, garantindo a estranha mistura entre a normalidade e o estranhamento da performance de Bartleby.
A fórmula do "preferia não", como diz Deleuze, "germina e prolifera", sendo colocada em dez ocorrências diferentes. A narrativa varia em torno de uma mesma negação.
Bartleby é resistência e abandono.
Como escreve Melville na última frase do livro:
Ah, Bartleby! Ah, humanidade!

11 de jul. de 2008

PT e PSDB unidos

Finalmente os dois grandes partidos brasileiros estão unidos.
Em Minas Gerais?
Não!
Daniel Dantas os uniu.
Todos calados, ninguém consegue prever os desdobrametos do caso.
Minha aposta é que uma certa jornalista da imprensa carioca acabará presa - até o Gilmar Mendes soltar, é claro.
O Blog do Paulo Henrique Amorim está imperdível.
O protesto dos juizes contra Gilmar Mendes.
A matéria On-line da Carta Capital. (É só o começo, título da edição que está na Bancas)
enquanto isso: o Leblon continua lindo.

9 de jul. de 2008

Jay Parini, "A arte de Ensinar"

O tempo foi passando e meu interesse em dar aulas foi se tornando minha principal atividade profissional.
Meu primeiro trabalho remunerado foi como professor de inglês. O curso que me contratou devia estar desesperado atrás de professores. Eu falava inglês mas não tinha nenhuma noção da língua, isso foi com 17 anos. De lá para cá falo menos e continuo ignorando os desvios, regras e invenções da língua.

Ser professor raramente foi um problema de método. Raramente tive a oportunidade de discutir o lugar do professor em sala de aula, o método, as formas de avaliação, a relação com os alunos, etc.

Às vezes trocamos algumas idéias com os mais próximos, mas nunca de maneira sistemática.
Normalmente, ser professor universitário é antes um problema de conteúdo do que de método ou estratégias de ensino.

Acabei ontem de ler um prazeroso livro sobre assunto.
Jay Parini, com 56 anos e três décadas em universidades americanas e inglesas como professor de literatura, faz, em "A arte de ensinar", uma reflexão sobre seu trabalho.

O livro caminha entre o autobiográfico e as dicas para jovens professores.

Para mim, o prazer da leitura se deu pela forma sincera e libertária com que Parini se coloca diante do leitor e dos alunos.

Trata-se de um professor normal que ficou preocupado com a carreira, com as publicações, com a burocracia e com sua própria produção artística, de prosa e poesia.

É um livro rápido, para ser lido em um par de dias, mas que me reconectou com tantos dos desafios com os jovens que a cada início de cada semestre encontramos na sala de aula.

2 de jul. de 2008

Um BMW no meio da página

O Globo faz uma paginação forte no caso do assassinato do rapaz na frente da Baronetti.

Na mesma página coloca a carta da promotora em que fala que seu cargo exige "sacrifícios que só realizamos com determinação e coragem", que ela é uma uma mulher "implacável, em busca da justiça e da paz". Diz ainda que leva uma vida de medo, sem paz e que seu filho cresceu sem poder brincar como os outros garotos, feliz.

Segundo ela Pedro, o filho, cresceu "com valores rígidos, com caráter, decência e honestidade". "Pedro é um prisioneiro"
Por ai vai a carta da promotora.

O que ela não sabia era que o jornal colocaria na mesma página a foto do carro do filho, um BMW. (leia com atenção a descrição da 4 rodas)

Com a paginação o jornal destruiu a promotora.

Que prisão, rigidez, honestidade é essa que comporta o BMW?

Para o discurso da promotora se sustentar o carro não poderia aparecer.

O Globo se mantém no seu papel de destruição de toda e qualquer autoridade que não seja a mídia. A promotora é inimiga.

Ao mesmo tempo, que desejo é esse de justiça que permite que um jovem de 18 anos saia com um BMW de mais de 100.000 reais?

"Quero justiça para todos", a frase é da promotora Márcia Velasco.