Li essa semana um desses livros que a gente tem vontade de dizer que leu sem nunca ter lido.
Bartleby, o escrivão, do Herman Melville.
O bordão do Bartleby todos conhecem.
- Eu preferia não.
Mas o livro é muito mais que isso. Humor ácido, reflexividade delicada no meio do séc. XIX e um tom metafórico muito sutil.
No escritório do narrador, um advogado burocrata, mais três personagens excelentes compõe a cena, garantindo a estranha mistura entre a normalidade e o estranhamento da performance de Bartleby.
A fórmula do "preferia não", como diz Deleuze, "germina e prolifera", sendo colocada em dez ocorrências diferentes. A narrativa varia em torno de uma mesma negação.
Bartleby é resistência e abandono.
Como escreve Melville na última frase do livro:
Ah, Bartleby! Ah, humanidade!
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