Terceiro dia em Salzburg e neva muito. A neve parece ser o que há de mais adequado para a cidade e para a paisagem.
Faz frio, todos estão em casa, mas nas ruas há sempre muito pouca gente.
Não sei se em outros momentos isso muda muito.
De algum forma, essa tranquilidade de Salzburg não aparece sem susto. Para onde foi a bagunça, os pobres, os imigrantes, etc. O que aconteceu que a cidade ficou impenetrável, mesmo se as velhas muralhas não tem mais sentido.
Para onde foram os jovens que na madrugada andam na rua e ouvem música alta?
Salzburg parece dispensar o mundo. Parece não montar com nada. Os Mercedez e BMWs que transformam a neve em lama, quando os vemos em São Paulo, são humanizados pelos pedintes e pelo engarrafamento. Aqui não, andam livres e rápidos, param na faixa de pedestres e não encontram um pobre que possa provacar alguma mal estar, pelo menos para aqueles mais críticos, normalmente fora dos carros.
Aqui a riqueza não tem conflito. Os alpes protegem Salzburg.
Neva muito em Salzburg e aguardo a carona que me levará para a universidade onde dezenas de alunos de várias partes do mundo estudam português. Tentam, ao seus modos, abrir uma portinha nos Alpes, tentam tirar a neve do vidro de casa.
Acho que o cinema pode algo em relação a isso, talvez essa seja parte da alegria de estar aqui. Poder experimentar umas gotas de conflito.
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