Joseba Gotzon Vizan Gonzalez nasceu em 7 de maio de 1959 no País Basco. Desde muito
jovem começou a se envolver em diferentes movimentos sociais e políticos. Participou na
criação de Herri Batasuna (coalizão de forças políticas bascas a favor da independência e o
socialismo), onde trabalharia no departamento de comunicação e propaganda.
Foi detido em duas ocasiões e posto em liberdade sem nenhuma acusação contra ele.
Contudo, durante os dias de sua segunda detenção foi vítima de maus tratos e torturas. Foi
asfixiado com um saco na cabeça, golpeado sem parar nos testículos e inclusive sofreu uma
simulação de execução (simularam dar-lhe um tiro).
A Policia trata de detê-lo em 1991 e diante do risco de voltar a ser torturado Joseba decide
fugir. A acusação contra Joseba, pela qual agora foi detido, baseia-se nas declarações
realizadas sob tortura por dois amigos seus que permaneceram incomunicáveis numa
delegacia durante cinco dias. Estas duas pessoas negaram diante do juiz da Audiência
Nacional espanhola sua declaração policial e afirmaram tê-la realizado sob ameaças e torturas.
Joseba está há 22 anos longe de seus familiares e amigos e 16 morando no Brasil. É casado,
tem uma filha de 10 anos e há 12 trabalha como professor. Tem muitos e grandes amigos e
amigas neste país. Amigos e amigas que estão mostrando sua solidariedade e apoio nestes
momentos difíceis (declarações de alunos, companheiros de trabalho, professores e pais do
colégio de sua filha, vizinhos, etc.)
No dia 18 de janeiro de 2013 Joseba Gotzon Vizan foi detido na cidade brasileira do Rio de
Janeiro pela Polícia Federal do Brasil a pedido da polícia espanhola. Esta detenção tem que
ser situada dentro do contexto político que vive Euskal Herria, o País Basco.
No País Basco há um conflito político, o último na União Europeia com estas características,
que enfrenta o povo basco com os estados espanhol e francês. A raiz deste conflito está na
negação do País Basco como um povo com o direito de decidir seu futuro livremente. As
trágicas consequências disto são conhecidas por todos: mortes, tortura, exílio, detenções
políticas, ilegalidade de atividade política, repressão generalizada, etc.
Todas estas violações de direitos foram reiteradamente denunciadas por diversos organismos
internacionais como as Nações Unidas, ONGs de direitos humanos (Amnistía Internacional,
Human Right Watch etc.), Associações Internacionais de Juristas e outras instituições
internacionais.
Nos últimos tempos, abriu-se um novo cenário político no País Basco, foram dados importantes
passos para o avanço em direção à resolução definitiva e justa do conflito. Em outubro de 2011
importantes líderes internacionais como: Kofi Annan, Bertie Ahern, Gro Harlem Brundtland,
Pierre Joxe, Gerry Adams e Jonathan Powell se reuniram em San Sebastián junto a
representantes da maioria do leque político e social basco na Conferência Internacional de
Aiete. Fruto da Conferência dos líderes Internacionais publicaram a denominada Declaração de
Aiete, que define um plano de rota válida para a resolução do conflito basco. Poucos dias
depois ETA, a organização armada basca, respondeu de maneira positiva e declarou o cessar
definitivo de sua atividade armada.
A pesar destes passos de esperança não podemos falar ainda de um verdadeiro cenário de
paz. Os estados espanhol e francês, com sua atitude estão tratando de paralisar, boicotar e
sabotar a oportunidade criada.
É neste contexto que se deve entender a detenção de Joseba, assim como outras detenções
de militantes bascos que estão ocorrendo nos últimos tempos. Não é tempo de detenções, é
tempo de soluções. Essa é a demanda de nosso povo.
Por isso, pedimos a libertação imediata de Joseba e que lhe seja concedido o asilo político no
Brasil. Joseba tem o direito a continuar desenvolvendo uma vida normal no Brasil junto a sua
mulher e sua filha.
Sendo extraditado ao Estado espanhol corre o risco de ser torturado.
Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 2013.
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