Os
“rolezinhos” que vem acontecendo em alguns shoppings me fizeram lembrar de uma
cena de De pernas pro ar 2.
No filme, o casal carioca vai de férias para Nova York
com o filho de 11/12 anos e leva a empregada doméstica - uma espécie de baba para a criança bem
crescida. Tudo tratado com naturalidade.
Em uma das
tentativas de comicidade com a ignorância da empregada, já em Nova
York, uma
montagem paralela mostra a patroa, sua família e sócia entrando em lojas de
grife e na loja da Mac e saindo com muitas sacolas, enquanto isso a doméstica
se esbalda em uma espécie de megaloja de conveniência e sai com produtos de
higiene e até uma vassoura.
A doméstica
não só não tem dinheiro como também não sabe o que é bom em termos de consumo.
Se satisfaz com nada.
Pois, os
rolezinhos tornam sequencias como essas ainda mais constrangedoras. Explicitam
o preconceito e a distância que essas comédias Jardim Botânico têm com o país.
Se alguns foram expulsos dos centros de consumo na certidão de
nascimento, quando ali aparecem,
perturbam todo esquadrinhamento organizado pelas elites que se esforçam
na separação, seja com as paredes sem janela dos shoppings, seja pela montagem
paralela.
Invadir o shopping, zoar, se fazer presente, explicitar a exclusão,
mostrar que se o consumo é parte dos processos subjetivos, a galera também sabe
consumir; tudo isso é parte do rolezinho no shopping.
Já no cinema... que falta faz um rolezinho.
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