29 de dez. de 2013

Rolezinhos e cinema




Os “rolezinhos” que vem acontecendo em alguns shoppings me fizeram lembrar de uma cena de De pernas pro ar 2.
No filme,  o casal carioca vai de férias para Nova York com o filho de 11/12 anos e leva a empregada doméstica -  uma espécie de baba para a criança bem crescida. Tudo tratado com naturalidade.
Em uma das tentativas de comicidade com a ignorância da empregada, já em Nova
York, uma montagem paralela mostra a patroa, sua família e sócia entrando em lojas de grife e na loja da Mac e saindo com muitas sacolas, enquanto isso a doméstica se esbalda em uma espécie de megaloja de conveniência e sai com produtos de higiene e até uma vassoura.
A doméstica não só não tem dinheiro como também não sabe o que é bom em termos de consumo. Se satisfaz com nada.
Pois, os rolezinhos tornam sequencias como essas ainda mais constrangedoras. Explicitam o preconceito e a distância que essas comédias Jardim Botânico têm com o país.
Se alguns foram expulsos dos centros de consumo na certidão de nascimento, quando ali aparecem,  perturbam todo esquadrinhamento organizado pelas elites que se esforçam na separação, seja com as paredes sem janela dos shoppings, seja pela montagem paralela.
Invadir o shopping, zoar, se fazer presente, explicitar a exclusão, mostrar que se o consumo é parte dos processos subjetivos, a galera também sabe consumir; tudo isso é parte do rolezinho no shopping.
Já no cinema... que falta faz um rolezinho.

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