Há menos de uma semana estava em Porto Velho, capital de Rondônia, na margem do rio Madeira, onde recentemente foram construídas duas usinas “fundamentais” para nosso projeto de país. Mais energia, mais consumo.
Uma parte importante de Porto Velho está literalmente debaixo d’água. O debate sobre a influência das usinas nesses alagamentos é controverso, mas o fato é que esse é o primeiro ano de funcionamento das usinas e as cheias são as maiores já vistas.
O debate sobre o que se passa no norte praticamente não existe por aqui.
De alguma maneira, é como se a Amazônia, fosse um outro mundo – uma natureza. Como se o que acontece em Porto Velho ou Rio Branco fosse apenas uma problema local, isolado e fruto das forças selvagens da natureza.
Mesmo que as usinas não tenham participação nas enchentes devastadoras, a natureza ali definitivamente está amplamente atravessada por muitas escolhas de mundo. Do 4X4 que transita na cidade e contribuem para o aquecimento global que aumenta o degelo dos Andes, aos novos prédios do Porto do Rio, em que o ar condicionado não é uma opção, mas uma imposição.
A cheia recorde era de 1997, quase 20 anos atrás. Hoje o rio está mais de 2 metros acima do nível de 97. Imagine isso dentro de casa. É essa a situação.
A gravidade do que acontece ali não é um problema local.
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