27 de jan. de 2014

Cada um no seu quadrado

Esbarrei hoje em um texto do Daniel Bensaïd sobre a atualidade do Manifesto Comunista e ele me fez pensar em um conversa com amigos muito críticos àqueles que tem o usado o "não vai ter copa"
Logo no início ele cita aquele passagem clássica:
"Tudo o que era sólido desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado, e as pessoas são finalmente forçadas a encarar friamente sua posição social e suas relações mútuas”
Depois o Bensaïd continua para pensar a Globalização dos anos 90 (o texto é de 98).

Se há um processo de transformação dos lugares sociais - pela educação, consumo, estética, trabalho - o que a Copa traz - pelo menos em seu imaginário, fortemente sedimentado pelo estado e pelo capital - é justamente o contrário, ou seja, um esquadrinhamento duro das posições sociais e das relações de classe.
Para a Fifa pobre é pobre, rico é rico e a mulata...
Enquanto temos um país que se transforma, a Copa aparece como símbolo da negação dessa transformação.
No meu entender não há uma linha de continuidade melhorias sociais - Copa do Mundo. Pelo contrário. Simbolicamente a Copa é muito mais conservadora do que os processos de transformação social em curso.
Nesse sentido, não acho justo colocar aqueles que se manifestam criticamente em relação à Copa como opositores do país ou como opositores dos pobres.
Também me parece injusto cobrar dos críticos uma adesão ao governo, mesmo que seja o governo que apoiamos. Tal exigência reduz excessivamente a ideia mesmo de democracia.
Ao que tudo indica; vai ter Copa.

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