As enormes dificuldades econômicas da Grécia se transformaram em uma abertura para que certos paradigmas da Europa sejam questionados.
A Grécia questiona a hegemonia dos bancos Frances e Alemães, explicitando como a Europa, distanciando-se de um projeto democrático, se tornou um projeto financeiro organizado por poucos. A recente matéria de capa do The Economist dava o tom de ameaça à Grécia; “ou vocês respeitam as regras ou acabamos de quebrar vocês”. Essa é a tradução do papel que a hegemonia financeira tenta fazer no momento. Nos padrões dessa hegemonia, matar o paciente é a melhor solução para os problemas.
Essa situação me faz pensar na chance que o novo Governo Dilma está jogando fora.
Diante de uma crise política, econômica e ambiental, o que faz o governo? Aumenta a dosagem do mesmo remédio.
Mais poder para os desmatamentos, mais poder para os mesmo princípios financeiros e nenhum enfrentamento político verdadeiro.
Diante da crise, esse governo tinha a obrigação de ter um pouco de ousadia. Olhar para as cidades e perceber que o modelo de crescimento nos últimos anos foi desastroso. Se muitos puderam comprar seus primeiros carros, hoje estão todos no mesmo engarrafamento sem um banho garantido quando chegar em casa.
Diante da crise política, com novos escândalos de financiamento de campanha, o governo tem a faca e queijo na mão para um choque político que esvazie a necessidade de milhões de reais a cada quatro anos. O cinismo de PT e PSDB fazendo acusações mútuas sobre como desviam dinheiro de empresas para financiar campanhas, não deveria ser alvo apenas de partidos como o PSOL, mas deles mesmo. É difícil acreditar que haja conforto em todos desses partidos com a necessária corrupção para se manterem no poder. Com a crise política Dilma deveria colocar seu peso na imediata reforma política, de outra maneira há a simples opção pelo imobilismo que os escândalos causam no cotidiano do país, enquanto a elite política e financeira pensa em como conseguir a verba para a próxima campanha.
O exemplo da Grécia é fundamental. Diante da radical crise é preciso olhar para as coisas e se abrir para mundos possíveis. Talvez seja essa possibilidade que esse início de governo esteja jogando fora.
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