Acabei de ler essa semana "O bandido da Chacrete", do Julio Ludemir.
O livro é uma bela e emocionante teia entre a cidade do Rio de Janeiro e a formação do Comando Vermelho, a história de Paulo César, um dos fundadores do Comando e hoje camelô no centro do Rio e a própria pesquisa do autor, permeada pela forma como a escrita alterava a vida.
Li o livro por conta da proximidade que tenho tido com o Ludemir na secretaria de Cultura de Nova Iguaçu onde ele é um dos adjuntos. Esse amigo é um profundo conhecedor das favelas e dos poderes que pela favela circulam.
Há nesse livro uma atenção tanto às micro-estruturas do crime; o discurso e as formas de auto-afirmação dos bandidos quanto à organização geral das cadeias e o momento histórico.
O livro acabou de ser escrito em 2007, é muito recente. Os personagens do livro estão vivos, escrevendo em jornais e fazendo a história da cidade.
Uma outra coisa que gosto muito no livro é a fusão entre uma reportagem profunda e uma escrita muito amarrada e bruta, sem meias palavras.
Há uma atenção com o personagem que é muito interessante.
Durante o livro experimentamos uma multiplicidade de sentimentos em relação a Paulo César. Da admiração ao desprezo. O cara consegue surpreender o leitor com a inteligência e com a estupidez, com a habilidade e com o despreparo para a vida.
O autor trabalha isso de maneira muito sutil e sem fazer nenhum julgamento de valor que supervalorize a inteligência ou a estupidez.
Ao mesmo tempo meu filho de 10 anos iniciou "Mais um pai", também do Julio.
Nos nossos últimos cafés da manhã ele tem nos narrado as aventuras de um menino que adora videogame e vive o drama de poder escolher qualquer presente de aniversário para o avô.
Fechei o Bandido da Chacrete na beira de um rio, na Serra da Bocaina, com lágrimas nos olhos.
Um comentário:
Acabo de ler alguns capítulos de O Bandido da Chacrete, mas não pude continuar, pois apesar do grande esforço que o autor fez na pesquisa, e o tópico de alto interesse, o estilo de escrever é extremanente cansativo. É desorganizado. Já parei de contar os parágrafos que começam com uma idéia e terminam com outra totalmente diferente. E a falta de títulos nos capítulos dificultam mais a compreensão da trajetória do livro. Infelizmente não vou poder terminar o livro. Gostei da capa, mas por dentro não achava graça.
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