10 de abr. de 2010

Em meio à tragédia causada pela chuva e pelo capitalismo

Infelizmente nenhuma matéria em nenhum órgão de imprensa começou assim.

A chuva é muito importante, assim como o capitalismo é o nosso mundo hoje e não estou aqui para negá-lo, mas da mesma forma que o excesso de água causou as mortes, nossas opções por um determinado tipo de exploração das cidades também. E, essa exploração da cidade, fundada nas separações drásticas entre ricos e pobres em que a especulação é anterior ao bem estar urbano é próprio da inundação de capitalismo que nos afoga.

O que vimos em meio à tragédia foi uma culpabilização constante da população que mora nos morros e nas "áreas de risco". Para a mídia e muitos governantes, ser pobre é ser irresponsável para consigo mesmo, uma vez que ao morar em uma área de risco estaria colocando a vida em perigo e perante a sociedade, uma vez que os "invasores" não pagam os devidos impostos.
Repete-se isso incessantemente.
O vontade de não querer entrar no problema faz com que os defensores dessa organização criminosa da cidade fundamentem suas posições no preconceito mais deslavado.

Alguém pode imaginar que um morador de uma favela acha que está em plena segurança ali?
Alguém pode imaginar que ele não preferia estar na altura do asfalto, sem ter subir centenas de metros a pé?
Ou ainda, alguém imagina que agrada estar em um lugar com péssimas condições sanitárias?
Obvio que não.
Trata-se justamente de uma avaliação de risco.

As pessoas que moram nas ditas áreas de risco ali estão porque as opções que lhe são dadas trazem ainda mais risco.

Morar longe dos centros empregadores e o risco de não ter trabalho, o risco de ter uma escola pior para os filhos, o risco de não ter acesso a nenhum bem cultural, o risco de dormir no emprego depois de passar 2 horas em pé no trem.

Post com tom de desabafo, é verdade. Mas a tragédia na cidade serve antes para reafirmar um modelo de especulação do que para questioná-lo e isso é feito chamando pobre de burro e irresponsável.

Indico vivamente a entrevista com a Raquel Rolnick sobre a questão urbana nas grandes cidades : http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/EdicaoNoticiaIntegra.asp?id_artigo=8037

Um comentário:

Anônimo disse...

Are there any forms of government or economics in this world that are motivated from justice and compassion and not control or greed? It seems all attempts have failed, no matter how well-intentioned.