28 de jun. de 2013

As manifestãções - nova sociabilidade


Nas atuais manifestações, além do evidente descompasso entre os processos produtivos e os processos subjetivos, como comentávamos em um outro post, há o próprio lugar da manifestação.

Quando nos perguntamos o que querem os que manifestam ou quando lemos que há demandas demais, o que está colocado é que as manifestações devem ser o ponto final de uma elaboração política. Ou seja, as pessoas devem pensar exatamente o que querem antes de ir para a rua. Pois, não é isso que vemos: as ruas são ocupadas para que elas se tornem o lugar da sociabilidade. A manifestação, diferentemente do Fora Collor ou das Diretas, se constitui muito mais como um espaço em que uma inquietude em relação aos futuros possíveis se expressa.

Se concordamos com esse gap entre as formas de vida aceitáveis e as formas de vida desejáveis, faz todo sentido que as demandas sejam enormes, uma vez que é próprio a todo processo subjetivo um agenciamento de muitas ideias, forças, desejos.

A cada vez que perguntarmos para os que caminham em direção aos estádios o que eles desejam, deveríamos antes perceber que o que importa é que eles estão na rua e na frente dos estádios. Isso diz muito.

Mas, mesmo assim, as pautas são necessárias.
A do transporte tornou-se massiva. Por que? Porque os pobres querem consumir transporte como os ricos, poderíamos dizer. Me parece pouco.

Temos exercitado nosso preconceito de classe dizendo que os pobres querem apenas mais e mais consumo.
Pois o transporte está diretamente ligado aos processos subjetivos.
Todos querem o direito de ir, não sabemos para onde nem por quais motivos.

Para o capital, o estado autoritário e a grande mídia, isso é horrível! Eles descobrem que além de consumidores existem sujeitos.

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