11 de ago. de 2007

Trabalho imaterial 2

Alguns comentários complementares sobre o trabalho imaterial . (ver post anterior)

No centro das transformações que implicam em novas composições espaciais e temporais do trabalho – a empresa não tem a fronteira da fábrica, as relações não tem o tempo da linha de montagem – esse indivíduo pós-moderno torna-se multirítmico, uma cohabitação de maneiras de fazer o trabalho que envolvem o tempo e o espaço do que se diz – universo privado.

Ou seja, a vida como um todo passa a ser parte do que o trabalhador tem a oferecer à empresa ao mesmo tempo em que a empresa não pode cercear as atividades “vitais” não imediatamente fucionalizáveis da vida do trabalhador. Vida e trabalho passam a fazer parte de um mesmo fluxo.

No exemplo dessa mega multinacional em que meu conhecido trabalha, que aumentou a valorização do modo como os superiores se relacionam e transferem conhecimento aos subordinados, esta relação e cooperação não é algo que acontece somente no espaço e no tempo de trabalho, elas devem extrapolar os limites da economia que conecta o trabalhador e a empresa para ganhar uma conexão entre as pessoas que é social e cultural.

O capital atua então por um lado valorizando e estimulando os excesso das relações e por outro tentando funcionalizar – na possibilidade de ter um funcionário imediatamente substituível – e objetivar – concedendo mais promoções e gratificações aos trabalhadores que tem uma atividade excessiva com a cooperação e com redes de conexão.

O trabalho imaterial se confunde com o biopoder exercido pela empresa uma vez que a regulamentação das capacidades dos trabalhadores está distante da disciplina e da objetivação nos números, dos limites espaciais e temporais do trabalho. O poder aqui é exercido por dentro da vida, nas trocas e relações, na subjetividade mesmo.

Esse movimento explicita a dimensão biopolítica do poder que encontra meios para abarcar todo o corpo social na tentativa de capturar as virtualidades do trabalhador. O que a multinacional faz nesse exemplo é se distanciar da função regulatória em que ela expressa o que deve ser feito e quanto deve ser vendido pelo funcionário, para valorizar o que ela nem sabe o que pode surgir na interação entre os funcionários entre eles. O investimento é na virtualidade da rede conectiva que se faz entre os funcionários e não nos objetivos previamente impostos pela empresa.

Palestra de Antonio Negri com tradução em português

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