Aqueles que continua dizendo que o governo é culpado pelo acidente em Congonhaas partem de uma mistura de duas lógicas inconciliáveis.
Por um lado são pragmáticos quando dizem que a culpa é do governo porque ele não regula as empresas que em busca do lucro diminuem a segurança. Aceitam assim a natureza perversa do capitalismo em que essas empresas - TAM, Boeing, etc estão inseridas.
Por outro lado esperam do governo a pureza e a perfeição. Quando avaliam o governo não há pragmatismo algum.
A ANAC é administrada politicamente, dizem eles. Em primeiro lugar não existe administração não política, em segundo lugar o estado também pode ser julgado de maneira mais pragmatica. Definitivamente ele está longe de ser puro - por motivos diferentes das empresas - e aí sua natureza política.
Aceitar que as empresas sejam por natureza perversas e que cabe somente ao estado a responsabilidade sobre os limites da perversidade é desejar uma autoridade que hoje está difusa na sociedade.
Os detratores do estado são normalmente os primeiros a se esforçar pelo seu enfraquecimento. Por um lado se pede um estado mínimo, fraco, por outro a culpa do acidente da TAM é por conta da ausência do estado.
As mesmas Organizações Globo, por exemplo, acusam a fraqueza do governo nas agências reguladoras - para isso não há pragmatismo que interesse - enquanto na NET digital deixaram de fora os canais públicos como TV universitária, Câmara, Senado, Comunitária.
Empresas privadas eliminam as TVs que tendem a ser comum - para alêm do público e do privado - ao mesmo tempo em que pedem o estado quando não conseguem se impor como consumidores.
Mas o reino do consumidor e sua liberdade total não é o que elas desejam?
A democracia e a forma que o estado reflete a própria sociedade não passa de uma forma de corrupção. É desta maneira que aparece o ódio que a elite tem à democracia no Brasil.
O acidente da TAM é paradigmático.
Enquanto as empresas são perversas pela natureza do capitalismo em que estão inseridas, o estado é corrupto porque deseja.
O estado opta pela corrupção, dizem os detratores.
As empresas são obrigadas à perversidade.
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