1 de ago. de 2007
Entreatos, de João Salles
Por algum motivo estranho só essa semana assisti ao documentário Entreatos, de João Salles. É um filme brilhante.
Antes de tudo um filme de negociação. Um filme que demanda um outro documentário em torno da negociação que permite que o filme aconteça.
A imagem paradigmática do poder de negociação deste filme é a última, em que Lula, já eleito, está entre 500 câmeras que o esperam no saguão do prédio e a de Walter Carvalho/João Salles.
A câmera para e entrega o presidente para o jornalismo.
Que fantástico o humor do presidente e a forma como o filme consegue estar atento a isso e aos silêncios dos raros momentos de solidão.
Que delicioso e duro trabalho deve ter tido João Salles e Felipe Lacerda na montagem deste filme. Que vontade de ver o material bruto nas raras sequência em que um junp-cut elipsa a fala de Lula.
Escrevi recentemente sobre Santiago, o mais recente filme de João Salles e talvez tenha deixado de mencionar a admiração que tenho pela busca de temas difíceis e a maneira serena e pouco ortodoxa que Salles os aborda.
Quando dou especial atenção à negociação é porque Entreatos parte de um grande poder que o filme tem - a possibilidade de estar ali com a liberdade que Lula lhe dá - e não se abstém em usar e explicita esse poder.
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