27 de ago. de 2007
Crime Delicado, de Beto Brant
Assiti com um certo atraso o filme Crime Delicado (2006) de Beto Brant, cineasta que aprendi admirar e me acostumei com seu tom.
Acho que esses são os artistas admiráveis, aqueles que nos atraem e repulsam ao mesmo tempo.
Com Brant aconteceu isso, seus filmes, e sobretudo atores, me mantinham muito a distância em casos como Ação entre Amigos.
Em Crime Delicado tenho só prazer. É como se Brant e Ricca (também roteirista deste filme) tivessem me ensinado um "certo tom" de cinema.
Três das provavelmente várias forças do filme.
1 - a unidade que Brant constrói com uma grande heterogeneidade
passamos do teatro ao cinema, da tela à pintura, da cor ao preto e branco, do documentário à ficção com a mesma imprevisibilidade e surpresa que faz o desejo de Marco Rica transitar entre as mulheres e situações que atravessam o filme.
2 - com tão pouco se constrói personagens tão complexos.
Tudo alí está no limbo de definições, um pântano de incertezas e movimentos difíceis. Talvez na fala de dois bêbados em um bar haja uma resposta. Brant para e ouve.
A primeira fala mais longa de Antonio (Marco Ricca) é com a atriz que o convida para jantar.
Aquilo é tão surpreendente, Ricca explicita um possível jogo de poder e de trocas que está acontecendo ali, mas não sabemos se ele o corrobora ou não.
Somos espectadores de dentro da situação.
3 - a cena que Inês deixa sua perna postiça junta à tela. Ao melhorar muito a obra do pintor - criando uma instalação - Inês assume seu corpo com a potência que a paixão do pintor e de Antônio colocou nele/a.
Brant faz com que no corpo de Lilian Taublib resida o erótico e a violência, a sedução e a aspereza da vida.
Crítica de Fabio Diaz Carneiro na Cinética
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Um comentário:
É um filmaço, mas, não sei não.... acho que prefiro "Cão Sem Dono".
Abraços.
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