Na Piauí que está nas bancas há uma matéria de Yonatan Mendel bastante interessante sobre jornalismo em Israel.
A matéria investiga a relação judeus/palestinos pela mídia.
Para Israel o palestino é o outro com quem não há diálogo. A mídia é a operadora e intensificadora de um apartheid (termo que o jornalismo de Israel não utiliza) que existe na sociedade.
Essa matéria me fez pensar no nosso caso.
O nosso palestino é o favelado.
Mas há uma diferença nada desprezível no cotidiano violento das matérias de Israel e do Rio de Janeiro.
Em Israel quem "combate" o palestino é o soldado Israelense. A sociedade de identifica com ele. Uma morte de um soldado Israelense é sentida na sociedade.
Em Israel são jovens universitários que andam armados pelo país e frequentam os mesmos ônibus e lanchonetes que o turista e que o morador.
Nosso caso é diferente.
Inventamos um apartheid, assim como Israel, que é corroborado pela mídia. A favela é lugar de risco e medo. Mas aqui, diferentemente de Israel, o confronto que ocorre nas favelas mata políciais e pobres, ou seja, não há identificação nenhuma entre a mídia, os leitores e aqueles que morrem nos conflitos.
O policial que morre nos morros é um outro tão distante e incomunicável quanto o traficante, ou quanto qualquer trabalhador que more no Alemão.
Com a mídia se inventa cotidianamente uma forma de combater o "inimigo" sem que tenhamos nenhuma dor na perda daquele que estaria do nosso lado.
Morre o policial - 151 PMs em 2007 - morre o morador da favela - 1330 em 2007 - mas não há perda real para a mídia, são apenas números, palestinos, policiais, índios, africanos, favelados ...
Obs. Os números de mortos nos combates do Rio são ma matéria de Raphael Gomide na Folha de São Paulo de 18.05.2008.
Gomide fez concurso para a PM e 30 dias de preparação.
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