25 de nov. de 2017

cinema na prisão

Essa semana um debate sobre se Cabral poderia ter ou não um cinema na prisão apareceu na mídia.
No afã de criticar os privilégios que o ex-governador do PMDB pode estar tendo na prisão, muitos colocaram o cinema em si como privilégio. Essa crítica é atravessada por uma certa lógica de que a prisão deve ser um espaço de “tortura”, desprovido de qualquer conforto e, pior, desprovido de atividades sem finalidade, como ver um filme. 
Nos últimos anos tenho acompanhado vários trabalhos com cinema em Centro Socioeducativos e hoje afirmo sem medo que o cinema nesses espaços é um excelente mediador das relações dos internos com o mundo, consigo e com o próprio espaço em que estão. Não só assistir filmes, mas também fazê-los, deveria ser parte das opções que todas as prisões deveriam dar aos presos.
- Ah, mas existem prioridades e o cinema não é uma delas.
- OK. A arte nunca é a prioridade, mas é sempre o que está no centro do que transforma processos subjetivos.
Será que não é prioridade?
Na crítica ao Cabral - que parece necessária, por conta dos meios escusos com que conseguiu o cinema – é lastimável que se reforce a prisão como espaço de destruição dos sujeitos e de suas possibilidades intelectuais e sensíveis.

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