Em um livro recente, o Lazzarato lembra essa passagem do Guattari e da Suely Rolnik
“Estou convencido de que se alguns extraterrestres desembarcassem amanhã em São Paulo, haveria experts, jornalistas e especialistas de toda espécie para explicar às pessoas que no fundo não é uma coisa tão extraordinária assim, que já se tinha pensado nisso, que até já existia há muito tempo uma comissão especializada no assunto e, sobretudo, que não há por que se afobar, pois o poder está aí para se ocupar disso (Guattari e Rolnik, 1986: 43)”
Esse mundo dos experts e essa máquina de naturalização de tudo que é jornalismo contemporâneo parecem ter se intensificado de lá para cá. A verdade seria nosso despreparo para os extraterrestres, para o que nos afeta de maneira brutal. Se há uma pós-verdade é justamente a negação intensa do que é absurdo, violento, inaceitável. Em todo lugar há algo ou alguém para aceitar como possível o que não poderia ser parte de nosso mundo. Bem pior que extraterrestres, múltiplas violências encontram especialistas para entender os contextos, para colocar fascistas como se fossem apenas o outro lado das práticas democráticas. Não são. Nossos experts não se chocam com mais nada. Um mundo em que nada parece afetar. Furações e desprezos pela democracia são explicáveis, logo aceitáveis. Que venham os extraterrestres e que eles sejam loucos, infantis e patéticos.
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