18 de jul. de 2007
Lucia Laguna na Candido Mendes
Acompanho o trabalho de Lucia Laguna de maneira interessada mas muito fragmentada já há muitos anos. Ela está expondo na galeria da Cândido Mendes em Ipanema.
Os pintores sempre me impressionam, fazer a opção pela pintura hoje é em si uma dificuldade que me parece enorme.
As telas da Lucia contém essa dificuldade. Há um processo que permanece na tela, existem camadas sobrepostas, marcas que insistem em não desaparecer, respingos e espaços onde uma mancha parece estar ali para apagar o que havia embaixo.
Mas não é esse aspecto processual que torna essas telas tão presentes. Elas estão também à procura de uma imagem em um espaço construído pela artista. O que me interessou nessas telas foi essa construção de um espaço, que transita entre a arquitetura e o urbanismo, em que a pintura parece residir. Há uma tensão nesses espaços que comportam, limitam e ensejam algo mais expressivo que está nas cores, nas manchas e no próprio processo.
E em uma das telas uma grande mancha verde sem linhas retas ocupa um grande espaço na tela e na galeria. Essa mancha é a maior tensão nesse espaço que Lucia construiu, ela parece levar essas tentativas de ordem ao limite.
São telas presentes, que me pedem para estar muito tempo com elas, são sedutoras e difíceis.
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