8 de nov. de 2007

Ariel, de Mauro Baptista e Cláudia Jaguaribe

Alguns filmes me colocam em uma situação em que tenho vontade de deixar os compromissos mais imediatos para lhes dedicar algum tempo , entender seus efeitos e construções.
Assim aconteceu com Serras da Desordem, esta semana.

Pois ontem assisti ao curta Ariel, de Mauro Baptista e Cláudia Jaguaribe. Um curta-metragem sobre o pai de Mauro, Ariel.
Novamente o blog é a saída para não abandonar o filme muito rapidamente.

O off em Ariel tem um tom impressionante. Ao mesmo tempo em que é feito na primeira pessoa e enumera datas, fatos e características do pai de maneira compulsiva, ele é também seco, frio, objetivo. O tom encontrado por Mauro faz coexistir de maneira muito forte o filho e o cineasta. O filme para o mundo e as palavras íntimas e pessoais. Essa dupla presença não dá ao filme um excesso dramático que já está na própria narrativa e é isso que nos "permite" estar com essa história, com esse pai, com essa família, com o Uruguai.

Em nenhum momento temos a sensação de estarmos vendo ou descobrindo o que não devíamos, apesar da intimidade não nos tornamos voyeurs. Isto acontece graças a esta escritura, ao off que me conta a história de Mauro e Ariel como uma necessidade, à frequente não coincidência da imagem com o som, aos vazios das casas que aparecem mais como buracos de uma narrativa e de uma relação que o filme explicita e mantém viva.


Crítica de Cléber Eduardo sobre Ariel, na Cinética

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