Em Juiz de Fora, durante o festival Primeiro Plano, depois da fala do Professor Nilson Alvarenga, que fez uma excelente problematização histórica do dispositivo cinema à partir do efeito digital no universo das imagens, acabei tornando minha intervenção ainda mais política do que imaginava à princípio trazendo três questões centrais à partir das convergências e digitalização das mídias.
O primeiro relativo à responsabilidade sobre as imagens. Ou seja, que ética é possível em um universo em que as imagens surgem de lugar nenhum, como que inventadas, produzidas e distribuidas por um aparato técnico, em uma perversa reinvenção da não-mediação que atravessaria as imagens fotográficas. - (Bazin, obviamente) Como escreveu Foucault: O que é a ética se não a prática da liberdade com reflexão?
Pois voltamos aos casos Cicarelli e Saddam (ver artigo com André Brasil) e toda uma estética da não-medição que ocupa o cinema e a TV em forma de câmeras de vigilância, flagrantes, imagens amadoras etc. Tentativas talvez de compensar um problema de legitimidade das imagens em geral.
O segundo ponto foi em relação à questão democrática mesmo. O que significa pensar o digital e suas potências como lugar de criação e não somente como meio de comunicação. Como pensar essas democratização dos meios de produção e distribuição como algo "escandaloso"? Ou seja, além de produzir imagens, como elas se tornam operantes e existentes. O desafio, claro.
Terceiro ponto, da impossibilidade do capitalismo restringir o acesso ao saber. Talvez das dimensões mais radicais da digitalização geral das imagens e dos sons.
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