18 de nov. de 2007

Lula e Chavez

Chavez, o presidente da Venezuela, se tornou o assunto predilento dos mais conservadores no Brasil. Lamenta-se que Lula não seja como ele. Para a direita estaria tudo resolvido se Lula fosse como Chavez. Para quem está trabalhando e pensando o país Chavez é apenas o presidente da Venezuela; sofreu um golpe, estatizou, é personalista, diminuiu sensivelmente a pobreza no país, estatiza e censura meios de comunicação, etc. Uma figura cheia de ambiguidades e muito menos propenso a uma política a longo prazo como a que Lula vem fazendo.
Querer ligar Lula a Chavez é o que podem os conservadores de hoje.
Optam pela preguiça intelectual.

8 comentários:

paoleb disse...

confesso que tenho vontade de ir pra venezuela com uma câmera e um microfone. próximo projeto.

Migliorin disse...

Escutei ainda essa semana: A América Latina precisa de um lider!
Curioso, se hoje essa fala é possível é porque existem líderes na America Latina - gostem deles ou não.
Talvez esses que tentam dizer que Lula e Chavez são a mesmo coisa desejem outros líderes...
Que vendam a Petrobrás, que acabem com a revolução que os projetos de valorização da vida através de distribuição de renda mínima vem fazendo.
Essa semana durante um debate me perguntaram como o audiovisual vai mudar com as novas tecnologias e ai acabei dizendo que vai mudar quando as pessoas não tiverem que submeter aos trabalhos que fazem hoje para poder ter 2 horas em casa para não ver TV se tornarem mais um dos consumidores/produtores dos novos meios digitais ligados à internet.
Os meios técnicos nós já inventamos!
Isso não é um utopia, isso está acontecendo, eu acho. A abundância da sociedade contemporânea é um bem comum.

Paola, boa sorte na Venezuela.
Nós que crescemos achando que entre o Brasil e Miami só havia Cuba e os paraísos fiscais descobrimos a Venezuela!

Vinícius Reis disse...

Caros,
uma das muitas coisas boas que esses líderes (Chavez, Lula, Morales, Sr. e Sra. Kirchner) estão fazendo e recolocar a América Latina no centro de interesse geopolítico. Uma região que depois dos anos sessenta caiu numa espécie de esquecimento...
Voltamos a assinar o Globo aqui em casa e a coluna do Merval Pereira, que tem o maior destaque, pois fica na segunda página do jornal, passou os últimos dez dias falando da Venezuela, Bolívia, Equador, da relação do Brasil com esses vizinhos; a questão energética, etc... Claro que sempre criticando, condenando, metendo o pau.Quando eu achei que o colunista ia mudar de assunto, veio o rei da Espanha e deu a deixa. Pronto! Voltou-se a falar do Chavez. Enfim, eles não saem das principais páginas dos jornais.
Esses líderes restituíram a importância dessa região no mundo (pelo menos no Globo).

dado disse...

Cezar,


dois artigos interessantes sobre o assunto no blog do Antônio Cícero: http://www.antoniocicero.blogspot.com/

amanhã às 18h tem minha peça de novo no Vidigal, chega lá!

Abração!

Migliorin disse...

Pois Vinícius,
essa história com o Rei da Espanha é engraçada porque em nenhum lugar se lê que ali se trata de um descendente de índio, latino americano e o Rei da Espanha.
O problema entre a família do rei e o pessoal do Chavez começou há muito tempo.
Mais de 500 anos depois as palavras do índio Chavez continuam insuportáveis.

Valeu a dica Dado.

Migliorin disse...

Lí o artigo que o Dado me indicou e acho que o Antônio Cícero vai na mesma onda que condeno no meu post.
Liga o Lula com o Chavez. O que ele espera que o Lula diga que não há democracia na Venezuela? Que diga que a Venezuela não está fortalecendo os três poderes?
Ele pode até dizer isso para o Chavez, mas não fala em público, não é a besta que o Antônio Cícero quer que ele seja.
Já queimei a língua outras vezes mas duvido que o Lula tente o terceiro mandato. O governo é formado por gente demais comprometida com o país e é óbvio que esse caminho personalista de Chavez é um desastre para o país.
Agora, esquecer que o Chavez sofreu um golpe e que a comunidade internacional se calou é que não dá.
A Espanha e os Estados Unidos reconheceram a legitimidade dos golpistas logo depois do golpe. Não é brincadeira a história ali não. Esse embate é que os críticos rápidos e rasteiros do Chavez tendem a esquecer.
Finalmente, sobre o texto do AC, ele diz "nada pode justificar qualquer atentado contra a preservação dos direitos humanos e da sociedade aberta".
Ha! Então é isso que está em jogo? Se é isso o Chavez deve permanecer no poder. Os direitos humanos - essa palavra de ordem sem política - parecem bem mais respeitados na Venezuela agora que durante durante os anos em que a PDVSA atendia aos interesses da meia duzia de golpistas que tentaram tirar o Chavez, pelo menos é o que indica a forte queda da pobreza na America Latina puxadas por Brasil, Venezuela e Argentina.
Quando o brilhante poeta AC fala em direitos humanos sem atentar para o embate cotidiano e tenso que se dá na Venezuela ele está apenas reforçando um consenso que esquece que a presença de Chavez na Venezuela introduziu novos atores políticos, tanto na Venezuela como na America Latina e é com esses novos atores - os mesmos que o rei quer calar - que a política Latino Americana precisa ser pensada.
Em poucas linhas falar em ditadura, Hitler, etc parece muito mais um ódio à democracia - esta mesmo que introduziu novos atores no processo - do que uma defesa desta.

Gabriel Malinowski disse...

Lendo esse post e os comentários rememorei as recentes reportagens na grande mídia especializada(?)e também papos em butecos e mesas de almoço onde as ligações entre Lula e Chávez em muitas opniões surgem por ligações displicentes, com discursos prontos. Uma fala que se faz (para muitos) facilmente coerente, talvez por conta uma particular formação sócio-política e cultural marcado por um forte poder da mídia na construção desse imaginário.
Lendo recentemente simulacro e poder, da Chaui, pensei imediatamente nas aproximações midiáticas Lula-Chavez. E penso novamente na sua discussão. Como diz a autora, o discurso da direita atualiza um estoque de imagens, reinteram o senso comum, constitui um código imediato de explicação e interpretação da realidade. Para a esquerda cabe o trabalho da prática e do pensamento crítico, sendo necessário:1-desmontar o senso comum social, 2- desmontar a aparência de realidade,3- reinterpretar a realidade e 4- criar um nova fala.....

Vinícius Reis disse...

Tem uma frase muito boa de um anarquista espanhol que diz mais ou menos assim: quero ver o último monarca enforcado nas tripas do último papa.