Conservadorismo e Lava Jato
Os recentes acontecimentos com Lava Jato, Lula, Odebrecht etc vêm, infelizmente, aprofundando nossa crise política. Entretanto, esse não deveria ser o papel de uma importante operação contra o saque que o capital e as estruturas políticas fazem do bem público.
Primeiramente, como ser contra uma ação que expõe os principais operadores dessa íntima relação corrupta entre capital e estado? Como ser contra a investigação sobre as formas como megaoperadores – empreiteiras, bancos – centralizaram as ações de empresas estatais para que estas sirvam aos seus interesses? Como ser contra uma profunda investigação sobre a forma como essa união entre estatais e empreiteiras se tornou elemento chave na manutenção de certos poderes, destruindo possibilidades reais de democracia.
O desmonte dessa imbricada relação entre capital e poder político é mais que bem vindo.
Entretanto, dois movimentos conservadores podem jogar por terra um grande esforço.
O primeiro é óbvio: Moro e seu grupo não cessam de incorrer em injustiças e métodos de pressão bem pouco republicanos. Como é o caso das longas prisões sem julgamento, método que beira a tortura para forçar o acusado a aceitar uma delação premiada. Método esse defendido por Moro em artigo do final dos anos 90 sobre a operação “Mão Limpas” na Itália:
“Por certo, a confissão ou delação premiada torna-se uma boa alternativa para o investigado apenas quando este se encontrar em uma situação difícil.” (Moro)
O método do espetáculo ficou também mais evidente, claro, com a absurda condução coercitiva de Lula.
Em sua ação não equânime, espetaculosa e frequentemente autoritária, as investigações perdem seu caráter republicano e abrem espaço para o segundo ponto: a triste dicotomia entre Lulistas e seus opositores.
As características das ações da Lava Jato aprofundam a dicotomia entre esses grupos políticos, o que nada tem a ver com os reais problemas políticos do país.
Onde está o conservadorismo? Simples. No momento em que deveríamos efetivamente lidar com as questões ligadas à governabilidade, a corrupção como forma de governo, o fracasso de todos os governos recentes pós Collor em fazer uma reforma política e tributária no país, o que vemos? Uma nova polarização: Lula como mártir ou como exemplo de corrupção – segue-se a isso, gestos da mesma natureza: por um lado uma grande mídia constrangedora e golpista, como tradicionalmente o é, de outro um governo e seus partidários que olham para os fatos como se nada devesse ser feito e nossa única função fosse defender o pai – Nosso Lula.
Nos dois casos há um abandono da política e de qualquer perspectiva de futuro.
O conservadorismo é isso: está tudo certo no jogo, o problema é ganhar. Os últimos anos tem deixado claro que talvez o problema a ser enfrentado é o jogo e não a escolha dos vencedores e perdedores.
Primeiramente, como ser contra uma ação que expõe os principais operadores dessa íntima relação corrupta entre capital e estado? Como ser contra a investigação sobre as formas como megaoperadores – empreiteiras, bancos – centralizaram as ações de empresas estatais para que estas sirvam aos seus interesses? Como ser contra uma profunda investigação sobre a forma como essa união entre estatais e empreiteiras se tornou elemento chave na manutenção de certos poderes, destruindo possibilidades reais de democracia.
O desmonte dessa imbricada relação entre capital e poder político é mais que bem vindo.
Entretanto, dois movimentos conservadores podem jogar por terra um grande esforço.
O primeiro é óbvio: Moro e seu grupo não cessam de incorrer em injustiças e métodos de pressão bem pouco republicanos. Como é o caso das longas prisões sem julgamento, método que beira a tortura para forçar o acusado a aceitar uma delação premiada. Método esse defendido por Moro em artigo do final dos anos 90 sobre a operação “Mão Limpas” na Itália:
“Por certo, a confissão ou delação premiada torna-se uma boa alternativa para o investigado apenas quando este se encontrar em uma situação difícil.” (Moro)
O método do espetáculo ficou também mais evidente, claro, com a absurda condução coercitiva de Lula.
Em sua ação não equânime, espetaculosa e frequentemente autoritária, as investigações perdem seu caráter republicano e abrem espaço para o segundo ponto: a triste dicotomia entre Lulistas e seus opositores.
As características das ações da Lava Jato aprofundam a dicotomia entre esses grupos políticos, o que nada tem a ver com os reais problemas políticos do país.
Onde está o conservadorismo? Simples. No momento em que deveríamos efetivamente lidar com as questões ligadas à governabilidade, a corrupção como forma de governo, o fracasso de todos os governos recentes pós Collor em fazer uma reforma política e tributária no país, o que vemos? Uma nova polarização: Lula como mártir ou como exemplo de corrupção – segue-se a isso, gestos da mesma natureza: por um lado uma grande mídia constrangedora e golpista, como tradicionalmente o é, de outro um governo e seus partidários que olham para os fatos como se nada devesse ser feito e nossa única função fosse defender o pai – Nosso Lula.
Nos dois casos há um abandono da política e de qualquer perspectiva de futuro.
O conservadorismo é isso: está tudo certo no jogo, o problema é ganhar. Os últimos anos tem deixado claro que talvez o problema a ser enfrentado é o jogo e não a escolha dos vencedores e perdedores.
8 de março
Nenhum comentário:
Postar um comentário