2 de nov. de 2007

Udflugt no Rio de Janeiro

Participei hoje da deliciosa performance "walking poem in Rio" do grupo dinamarquês Udflugt
Trata-se de um percurso nos arredores dos Arcos da Lapa. Recebi um mp3 player e fui orientado a caminhar até o final da rua onde uma pessoa me esperava. A partir dai fui sendo levado por pessoas que me fizeram circular pela cidade, escutar sons, me colocam deitado em um carrinho tipo burro-sem-rabo e me levam pela cidade, etc.
Um dos momentos mais fortes foi quando um dos "guias" pediu para eu fechar os olhos e me pediu para andar por lugares diversos, até me colocar deitado, sobre um papelão em que permaneço por longos 5 ou 10 minutos, escutando os carros, motos e ônibus que passam por perto. Ao receber a instrução de abrir os olhos e já dentro de uma relação de grande confiança como meus guias me descubro deitado, um pouco como um morador de rua, no canteiro central da Lapa.
O início da performance também é especialmente interessante porque não sabemos se o que estamos vendo, um grupo de pessoas jogando cartas, por exemplo, é parte de uma cena feita para a performance ou não. Esse efeito vai se diluindo mas não se perde. A performance provoca assim um olhar muito aguçado e estético em relação as coisas mais ordinárias.
Há ainda uma opção por frequentes momentos de breves esforços físicos, o que contribui para mais entrega, mais relaxamento e menos esforço crítico.
A utilização dos sons do MP3 é muito boa. Somos levados a ouvir sons que se confundem com os sons dos lugares em que estamos passando,às vezes multiplicando-o, às vezes se concentrando em um elemento específico.
Descobrir a cidade através destas estratégias que aguçam a percepção, nos demandam vários sentidos e relações de estranha e intensa confiança me parece um projeto intensamente político, apesar do momento mais óbvio, em que somos colocados deitados sobre o papelão.
Se há um problema é de duração, me parece que o tipo e diversidade de experiências que o grupo propõe acabam um pouco diluídas pela brevidade. Cada proposta poderia durar, se estender para além de um tempo que nos entretenha. Talvez por isso eu tenha gostado do momento dos olhos fechados; menos estímulos dilataram o tempo.

3 comentários:

Fernanda Bruno disse...

que delícia! quero também... sabe se vai rolar algum outro dia??
beijos,
Fernanda

Migliorin disse...

no sábado, amanhã.
Não sei se dá para marcar, de qualquer forma entre em contato com a Ana, uma amiga que está trabalhando com os dinamarqueses e foi quem me deu a dica: aalbe@uol.com.br>

beijos,
Cezar

Fernanda Bruno disse...

Hoje está meio difícil mas vou tentar. Obrigada querido!!
beijos
Fernanda