O filme foi apresentado na Quinzena dos realizadores de Cannes e conta com curta-metragens dos realizadoes Chantal Akerman, Apichatpong Weerasethakul, Vicente Ferraz, Ayisha Abraham et Wang Bing.
Weerasethakul faz um filme estranho que parece um documentário sobre pessoas que fazem uma viagem de barco e realizam uma cerimônia. O estranhamento de Luminous People está na forma como há uma narrativa que vai se construido com pequenos elementos, quase imperceptíveis. Há também no filme uma investigação com a textura da imagem. Weerasethakul utiliza a instabilidade da luz na câmera digital que traz um efeito de vibração nas imagens bastante interessante.
Pedro Costa faz um filme em que falta tempo para nos colocar no universo tão particular que já construi em outros filmes como Ossos e Juventude em Marcha. Neste curta ele trabalha com a mesma estética e personagens. Mas, o paradigma dos curtas colocados juntos nesse O estado do mundo é o filme de Chantal Akerman, Tombée de nuit sur Shanghaï . O filme é feito de duas sequências contemplativas da publicidade em Shangai. A primeira sequência mostra um barco que leva um telão luminoso e a segunda é um plano-sequência que deve durar mais de 10 minutos e filma em plano fixo alguns prédios em Shangai onde são exibidas gigantescas publicidades. Os prédios se tornam telas de mais de 30 metros de altura. Nos prédios vemos da Mona Lisa aos efeitos banais de computador que fazem rodopiar os anúncios e o próprio Leonardo da Vinci.
Chantal Akerman dá continuidade à contemplação distanciada, como no seu último longa metragem, Lá Bas. Aqui é a publicidade gigantesca que é contemplada como se estivessemos diante do sublime. Nada acontece, nenhuma intervenção, como se o ready-made bastasse. O filme é fundado em uma profunda descrença nas imagens e na possibilidade do cinema ser uma forma privilegiada de pensar o mundo, o estado do mundo. A vontade é de nada dizer. O curta de Akerman leva ao extremo uma postura que perpassa diversos outros filmes. Em um mundo em que as imagens são a natureza, nos resta a contemplação; este é o estado do mundo para Chantal Akerman.
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