Não há contradição entre neo-arcaismo e hipermodernidade na eleição de Sarkozy, uma convivência que acontece em toda Europa e que já era a forma de Berlusconi fazer política - com a mídia, com a comunicação de ponta e os partidos neo-fascistas.
As noções são emprestadas de Deleuze e Guatarri por Lazzarato em palestra (Francês e alemão) sobre a esquerda contemporânea, feita em Kassel, durante apresentação da revista Multitudes, por Maurício Lazzarato.
O capitalismo precisa de um mercado global e o poder de um território definido.
A economia não é capaz de produzir seu próprio território.
O neo-arcaísmo (Deleuze/Guatarri) é necessário na invenção deste território do poder, como uma forma arcaica de manter unida uma sociedade, fazendo o que o capitalismo não faz.
Lazzarato finaliza sua palestra citando Pasolini e o modo como percebe um duplo processo do capitalismo. Ele descreve um processo de hipermodernização da sociedade italiana que acontece entre o final dos anos 60 e início dos 70; consumação e cultura de massa. Pasolini chama de genocídio o modo como esses dois aspectos da hipermordenidade iriam destruir duas culturas; a dos camponeses e a dos trabalhadores.
Esse processo fomentará dois fenomenos de reação; frutração - não há dinheiro para realizar o consumo - e ansiedade - não conseguem incorporar o novo modelo como comportamento - nas pessoas que estão vivendo a passagem.
Para Pasolini, nem o consumo nem a comunicação são capazes de construir um território, uma sociedade, uma singularidade. Eles precisam recorrer a outras formas de "estar juntos" e, ao fazerem isso, é Berlusconi e Sarkozy que ganham terreno se aliando ao neo-arcaísmo.
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