Talvez sempre tenha sido assim, mas a multidão de turistas no Museu do Vaticano para visitar a Capela Sistina é tão impressionante quanto a Capela. O Museu é organizado de uma maneira que para se chegar à Capela o visitante é obrigado a andar com a multidão durante quase uma hora. Durante esse tempo eu tinha a sensação de estar entrando em estádio para um jogo de futebol. O problema é que a grande parte dos turistas ali só quer ver a Capela mas se vê obrigada a percorrer quilómetros de corredores. No meio desses corredores resolvo entrar no Museu do Egito (existem vários pequenos museus no interior do Museu do Vaticano), ali, algumas salas com peças fascinantes do Egito, mas o problema é que ao sair do museu, obrigatoriamente por uma porta diferente da que eu entrara, percebi que havia recuado uns 15 minutos nos corredores que levam à Michelangelo. Paciência.
Talvez sempre tenha sido assim, mas essa multidão me faz pensar em duas coisas. A primeira é que Roma é um modo rápido, divertido e eficaz de se melhorar um currículo onde cada vez mais uma cultura geral que não tem função pré-determinada é valorizada. Nos termos de Zygmunt Bauman, podemos dizer que o "turista" aqui melhora seu CV para poder continuar sendo turista e não vagabundo.
O segundo é que a lógica da celebridade é atemporal. Michelangelo e Madonna fazem (p)arte do mesmo universo de consumo imaterial para nós, turistas.
Uma outra cena que me impressionou foi a passagem da multidão pela parte dedicada à arte moderna e contemporânea do Museu. No corredor que leva à Sistina há um belo Francis Bacon e por ele a multidão passava sem nem uma olhada - às vezes uma foto, claro, mas nem uma olhada.
Entrevista com Zygmunt Bauman "The tourist syndrome"
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