29 de jul. de 2016

Estado e cultura 1

28 maio 16

Um ministério da cultura que leve a séria a noção de cultura é algo insuportável para um governo que em que o capitalismo não é um problema.
Levar a sério a cultura não é estimular o que existe – apenas – mas ter em mente que a cultura é incontrolável, dispersiva, múltipla – um acontecimento.
Mais que o dado a cultura é o que podemos. 
Que governo está preparado para o que podemos, para uma transversalidade do desejo que atravessa economias, organizações sociais e urbanas, afeta planejamentos, informações e mobilidade?
Que governo está preparado para a cultura que transforma os agenciamentos familiares? Em nosso país, a cultura é um caldo entre heranças e transformações que não cabem em um plano centrado no mercado ou na economia.
Levar a sério a cultura é traçar uma linha entre a sala de ópera e o descontrole das vidas em invenção. Onde não há a possibilidade da plena expressão do que podemos, das formas de vida excêntricas, ali deveria intervir um Ministério Cultura. Mais do que garantir o que se produz, o estado deveria intervir culturalmente onde a invenção se vê impossibilitada de acontecer. O trabalho é excessivo, o transporte humilha, as condições de sobrevivência não estão garantidas. Tudo isso é problema da cultura. Que governo está preparado para isso, para essa centralidade do que realmente importa? As nossas possibilidades de ser, intensamente.

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