Em uma palestra, George Didi-Huberman introduziu o assunto de sua comunicação de maneira marcante. Ele anunciou que iria falar sobre o virtual e que apesar da desgaste da palavra, aquele era um conceito lindo e era preciso brigar por ele, não perdê-lo. Mais do que isso, e talvez seja já uma leitura só minha, é preciso lutar pelas palavras. Certas palavras ganham circuitos e discursos que a despontecializam de tal maneira que somos proibidos de usá-las, e o virtual é uma dessas. O mesmo acontece com o conceito de dispositivo no documentário. Abandoná-lo porque está gasta serve apenas para que voltemos a procurar outra palavra. A cítica e a teoria vão assim dentro de uma lógica fasshion; assim que todo mundo está usando se abandona o nome do conceito.
Recentemente fui dar uma aula em Nova Iguaçu, na Escola Livre de Cinema e, confesso, para minha surpresa, todos sabiam o que era um dispositivo – claro, outros professores tinham passado por lá. Mas, ao mesmo tempo que sabiam a noção era difusa, pouco clara para alguns. Me lembrei de Freud e do inconsciente. Para o psicanalistas e para o homem do ponto de ônibus (que pode ser o próprio psicanalista), o inconsciente existe e é operável enquanto conceito. Para quem se interessa pelo inconsciênte, a noção dá trabalho, não precisa ser jogada fora – apesar de poder ser questionada, é claro.
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