4 de out. de 2007

Nostalgia, de Hollis Frampton


O fotograma acima pertence ao filme Nostalgia (1971), do artista e teórico americano Hollis Frampton, morto em 1984.
A primeira vez que ouvi falar no filme foi pelo livro do Bernardet sobre o Kiarostami.
Bernardet cita o filme em uma breve passagem sobre os "structural-films" em que ele está pensando as origens dos filmes-dispositivo. (o outro filme citado é Wavelenght de Michael Snow)

Nostalgia é brilhante. Frampton escolhe 13 fotos e as coloca sobre uma boca de um fogão elétrico. Todas as fotos são de alguma forma parte da vida de Frampton, trata-se de um trabalho quase autobiográfico. Enquanto as fotos queimam e se contorcem Frampton fala a data da foto e faz comentários sobre a imagem, composição, quem estava presente, etc.

Mas há um detalhe perturbador, Frampton nunca comenta a foto que estamos vendo, mas a seguinte. No início, tudo parece muito simples, como se o texto dobrasse o que estamos vendo, mas, quando percebemos o dispositivo, a cada imagem tentamos ouvir o texto - para podermos lembrar dele enquanto vemos a foto seguinte e ver a imagem tentando se lembrar do texto que ouvimos na foto anterior. De repende, onde parecia haver redundância - o que demandava pouco esforço do espectador - se torna um jogo muito complexo em que o espectador está sempre perdendo algo em relação ás imagens.

Também de Frampton, 1971.
Zorn's Lemma
O filme também se constrói com um dispositivo de montage que só se percebe vendo todo - ou quase - filme

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