Não, as coisas não foram adiadas. O que não vai rolar agora não vai rolar e pronto. Pelo menos, não da forma como se imaginava. Aquele filme, aquele texto, aquela terapia, investimento, curso, obra, relação, petição, esquece. A parada está ai e não tem continuidade como se nada estivesse acontecendo. A urgência é suportar que algo se quebrou, que não é uma simples espera. O que ocorre não é uma pausa, mas uma aceleração – ou, talvez uma mudança de ritmo. Não deixamos uma lentidão dos processos para entrar na velocidade, ou vice-versa, mas, cada processo terá seu novo ritmo que nos chega. Lidar com isso, com a interrupção inercial para a entrada em outras velocidades, não é pouco. Há urgências, claro. Tirar esse genocida do poder. Sair da tristeza por não termos líderes à altura do que nos acontece. Mas, e nós? Segura essa onda de estar à altura! De suportar que o que estava rolando parou e, quando voltar já não pode ser o mesmo. Aquele roteiro talvez se torne obsoleto. Vamos lá. O cinema já viu a cidade vazia, os sujeitos que vagam sem nada entender e que não conseguem mais agir. Para andar em ruínas é preciso mudar o ritmo e a altura do passo a cada pisada.
-- diário do entre-mundos 17 --
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