Deixou o lugar da reunião rapidamente e pegou um taxi. Do alto da colina desceu rapidamente até o centro. O trânsito fluía bem. Quando estava a dois quarteirões do lugar onde deveria chegar, o motorista não parou e começou a se distanciar muito. Para voltar, um enorme engarrafamento. Não havia retorno e eles se distanciavam cada vez mais. Ele foi ficando exasperado. Ia para um lugar sem volta. No limite da agressividade, pediu para descer do taxi e foi até um casebre na beira da estrada. A casa estava vazia e só um rádio com música evangélica se ouvia ao longe. A porta rangeu e ele entrou. Não pensava mais em voltar e uma exaustão o tomou, mas também uma alegria em estar naquele lugar sem ninguém e perdido. No casebre apenas um colchão novo no chão, ainda com plástico, uma pia e um vaso sanitário. Deixou a pasta em cima do colchão e foi lavar o rosto quando recebeu com naturalidade a chegada de uma moça com um leve vestido colorido. Ela se aproximou do vaso, levantou a tampa e logo se sentiu um cheio horrível. Ela tirou o vestido e se banhou na imundice. Ecológico, ainda disse. A música evangélica ficou mais alta enquanto carros buzinavam ao longe. Uma carreata passava no meio poluição que ocupava a estrada por onde viera. Tudo ia ficando muito sujo e o vaso já não tinha nenhuma exclusividade. O ar pesado do casebre o fez abandonar a moça que sorria. Ficou sozinho no meio da poluição e dos ruídos. Os carros estavam lá mas não tinham mais pessoas, eram só carros, autônomos, ocupando os espaços e fazendo barulho. Caminhou pela estrada mas não sabia que lado o levaria a um lugar mais respirável, e se esse lugar existia.
--Diário do entre-mundos 25 --
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