24 de jun. de 2015

Como viver juntos?


Essa pergunta que acompanha qualquer reflexão sobre a democracia, os espaços urbanos e a vida em comunidade, não para de nos colocar novos desafios.
Dizer como viver junto não é algo que se possa fazer fora dos embates do presente e dos contextos locais e globais.
Os 200 mil que manifestaram ontem em Londres contra a austeridade, a tensão em torno da saída – ou não - da Grécia da União Europeia, o crescente número de refugiados sírios da Turquia, Líbano - e Grécia -, as tensões no Brasil com reduções de direitos trabalhistas, redução da maioridade penal e precarização do setor público, todos esses acontecimentos são perpassados por essa questão. Como viver juntos?
As opções que temos não são separadas de tensões e dissensos. Viver junto, não é harmônico e ou livre de diferenças radicais.
Saber do dissenso no viver junto não significa dizer que inimigos não existem. Os exemplos acima nos provam que eles estão ai. Entretanto, vivemos tempos em que mesmo aqueles preocupados em como viver juntos, preocupados com o ataque aos menores que o congresso planeja, mesmo estes fazem da militância uma forma de enfatizar as divisões, marcar os inimigos, destruir os que apresentam pequenas diferenças e discordâncias.
A fragmentação e as polarizações dos mais ligados ao campo da esquerda é impressionante. Nas universidade, quem não é a favor da greve é considerado inimigo – e vice-versa. Em alguns movimentos militantes, as pequenas discordâncias são suficientes para discursos polarizados e violentos. O apoio ou a crítica ao governo federal não é recebido pelo outro sem pedradas e construção de fronteiras. Lula faz discurso comemorando a demissão de jornalistas. Haddad chama os opositores de coxinha.
Se há uma tristeza em ver o poder conservador com tanta força, não excluiria nosso cotidiano de militância e a forma como temos aceitado a polarização. Uma polarização que pouco parece contribuir para inventarmos formas de viver juntos.
Criar pequenos inimigos é hoje é uma grande contribuição para continuarmos destruindo as possibilidades de vivermos juntos.

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