Uma imagem tem frequentado os jornais ultimamente.
Dois políticos conversam em lugares públicos e, para que não haja leitura labial, eles cobre a boca.
Por algum motivo os editores tem privilegiado essa imagem.
Talvez tenham razão para isso. O que a imagem diz sobre os políticos e sobre os jogos de poder é bastante evidente: “Estamos conversando e organizando coisas que não podem ser ouvidas por ninguém”. “Apesar de estarmos em público e sermos homens públicos, o que dizemos um para o outro não pode ser pronunciado, faz parte da opacidade dos jogos palacianos”
Por uma lado, felizmente que nem tudo é transparência. Por outro, que estranho que esses homens precisem cotidianamente trocar confidências impublicáveis.
A mão que cobre a boca revela a instabilidade dos acordos, como se a cada dia um novo acordo tivesse que ser feito.
Mais do que uma imagem que explicita que os políticos tem algo a nos esconder – também porque são humanos – a presença reiterada dessas imagens corrobora uma instabilidade, um cotidiano de acordos feitos e refeitos. Um certa indeterminação das formas do poder atuar. Como se houvesse, no fundo, uma desconexão entre poder e liderança.
“Veja, o tempo todo eles precisam repactuar!” diz a imagem. Com se a própria representação estivesse em crise.
A imagem perfaz assim um discurso ancorado na realidade, é verdade, mas também representativo de um certo desejo de mundo. Esse discurso parece então nos dizer: "esse homens que fazem o inconfessável – já que não podemos saber o que combinam – também não mandam nada". Crise ética e crise de legitimidade.
Se é essa a situação do país, não sei, mas que parece haver um certo interesse nessa leitura, acho evidente.
Dois políticos conversam em lugares públicos e, para que não haja leitura labial, eles cobre a boca.
Por algum motivo os editores tem privilegiado essa imagem.
Talvez tenham razão para isso. O que a imagem diz sobre os políticos e sobre os jogos de poder é bastante evidente: “Estamos conversando e organizando coisas que não podem ser ouvidas por ninguém”. “Apesar de estarmos em público e sermos homens públicos, o que dizemos um para o outro não pode ser pronunciado, faz parte da opacidade dos jogos palacianos”
Por uma lado, felizmente que nem tudo é transparência. Por outro, que estranho que esses homens precisem cotidianamente trocar confidências impublicáveis.
A mão que cobre a boca revela a instabilidade dos acordos, como se a cada dia um novo acordo tivesse que ser feito.
Mais do que uma imagem que explicita que os políticos tem algo a nos esconder – também porque são humanos – a presença reiterada dessas imagens corrobora uma instabilidade, um cotidiano de acordos feitos e refeitos. Um certa indeterminação das formas do poder atuar. Como se houvesse, no fundo, uma desconexão entre poder e liderança.
“Veja, o tempo todo eles precisam repactuar!” diz a imagem. Com se a própria representação estivesse em crise.
A imagem perfaz assim um discurso ancorado na realidade, é verdade, mas também representativo de um certo desejo de mundo. Esse discurso parece então nos dizer: "esse homens que fazem o inconfessável – já que não podemos saber o que combinam – também não mandam nada". Crise ética e crise de legitimidade.
Se é essa a situação do país, não sei, mas que parece haver um certo interesse nessa leitura, acho evidente.
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